Cerca de 40 garimpeiros brasileiros acusados de explorar ilegalmente jazidas minerais na Amazônia venezuelana podem ser repatriados ao Brasil depois que o governo da Venezuela decidiu expulsar centenas de mineiros que teriam sido flagrados realizando atividades ilegais.
A maioria dos garimpeiros expulsos- cerca de 350 - eram colombianos, fator que gerou um novo foco de tensão nas relações diplomáticas entre Colômbia e Venezuela.
Os garimpeiros supostamente exploravam ilegalmente uma mina na Amazônia venezuelana quando foram surpreendidos por uma operação da Guarda Nacional venezuelana, na segunda-feira. Segundo o ministério de Defesa, mais de 1,5mil pessoas teriam se refugiado na selva.
Os brasileiros ainda aguardam na fronteira entre a Colômbia e Venezuela a chegada de autoridades do Consulado-Geral do Brasil para solucionar a situação.
"Se quiserem voltar ao Brasil prestaremos apoio e poderão ser repatriados. Nossa tarefa é de apoiar o cidadão brasileiro, independentemente da situação", disse à BBC Brasil a cônsul-geral Mariângela Rebuá.
Segundo o Consulado brasileiro, os garimpeiros já estão sendo atendidos e passarão a noite em um acampamento, onde estão sendo custodiados pela Guarda Nacional venezuelana. Outro grupo já teria escapado para o lado brasileiro da Amazônia.
'Problema consular' Recentemente, o governo da Venezuela anunciou o combate à mineração ilegal, argumentando o que a atividade provoca danos ao meio ambiente.
De acordo com a cônsul-geral, não há situação de conflito entre as autoridades venezuelanas e os garimpeiros e ressaltou que o incidente não afeta as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela. "É um problema consular, não político", afirmou.
O governo da Colômbia, por sua vez, disse que a expulsão dos garimpeiros, entre eles diversos colombianos, representa um ato de violação dos direitos humanos e disse que denunciará a Venezuela a instituições internacionais de Direitos Humanos.
"Nós vamos reportar essa espécie de despejo forçado para autoridades de direitos humanos internacionais, pois ela viola os direitos humanitários internacionais", disse Silva, que foi enviado a Puerto Inírida, cidade a 30 quilômetros da fronteira com a Venezuela.
Em declarações à imprensa colombiana, os graimpeiros colombianos afirmaram que sofreram maus-tratos por parte das forças de segurança venezuelanas. Além de brasileiros e colombianos, haveria um número ainda não preciso de peruanos e equatorianos.
A expulsão dos garimpeiros ocorre em meio a uma crescente tensão nas relações diplomáticas entre Colômbia e Venezuela desencadeada pela assinatura do acordo militar que permite o acesso de tropas americanas à sete bases militares na Colômbia.
Para a Venezuela, o acordo é parte de um "plano de guerra" para desestabilizar a região. Já a Colômbia e os Estados Unidos negam as acusações, ao afirmarem que as operações militares se limitarão ao território colombiano.
(BBC Brasil / UOL, 02/12/2009)