O Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ) e a Secretaria de Saúde (Sesab) notificaram nesta sexta-feira (27/11) as Prefeituras Municipais de Caetité, Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora, na região Sudoeste do Estado, a suspenderem, preventivamente, o consumo de água de seis poços e mananciais superficiais que são utilizados por parte da população da zona rural destes municípios.
De acordo com os resultados da última campanha de coleta de amostra de água na região, realizado no final de setembro pelo INGÁ, foi detectada a presença de radioatividade alfa e beta acima do permitido pela portaria 518/04 de potabilidade de água do Ministério da Saúde.
Os seis pontos são: Torneira do Chafariz público do povoado de Maniaçu (Caetité); Caixa d’água da fazenda Paiol, próximo ao povoado de Lagoa de Timóteo (Livramento de Nossa Senhora) – propriedade particular cuja água é utilizada por um pequeno número de pessoas -; Caixa d’água da fazenda Goiabeira (Lagoa Real) – propriedade particular cuja água é utilizada por um pequeno número de pessoas; margem da Lagoa Grande (Lagoa Real) – que é utilizada para dessedentação (consumo) animal; cacimba em frente ao colégio Dom Eliseu, do povoado de Lagoa Grande, no município de Lagoa Real; e Açude Cachoeirinha “Tanque do Governo” (Caetité), utilizado para dessedentação (consumo) animal.
Novas análises detalhadas foram realizadas pelo INGÁ no mês de novembro nos mesmos locais para investigar qual o elemento que está provocando a radiação na água. A investigação vai apontar de onde vem o elemento emissor de radioatividade dos poços artesianos e lagoas da região, além da indicação do melhor tratamento para se retirar o elemento radioativo da água. A previsão de divulgação destes resultados é de 20 dias.
Por medida de precaução, a recomendação do Governo da Bahia é de que as Prefeituras Municipais indiquem formas alternativas de abastecimento de água para a população destas regiões.
Água da Embasa não oferece riscos
A Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) abastece as populações da zona urbana dos referidos municípios com água potável e tratada. Esta água não oferece qualquer risco à saúde humana. Além disso, a Embasa realiza rotineiramente a análise da água de todos os mananciais utilizados para consumo humano.
Na próxima segunda-feira (30), uma equipe da Defesa Civil do Estado, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, irá visitar a região para conhecer o número de famílias que porventura necessitem de fornecimento alternativo de água – o que deverá ser providenciado pelas três Prefeituras Municipais notificadas pelo INGÁ e pela Sesab.
Monitoramento é permanente
Desde 2008, o INGÁ realiza trimestralmente a coleta e análise laboratorial de amostras de águas superficiais e subterrâneas em todos os pontos utilizados para abastecimento humano da população dos municípios de Caetité, Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora. As campanhas, que fazem parte do Programa Monitora, analisam os parâmetros de radioatividade, urânio e de qualidade (ph, temperatura, turbidez, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total e resíduo total).
A Secretaria da Saúde do Estado está acompanhando os resultados deste monitoramento de qualidade de água, e adotando as medidas de vigilância em saúde, em conjunto com as secretarias de saúde destes municípios. Resultados de radiação alfa e beta respectivamente:
Torneira do Chafariz público – 0,5 e 2,3
Caixa d’água da fazenda Paiol – 0,2 e 0,5
Caixa d’água da fazenda Goiabeira – 0,5 e 0,9
Margem da Lagoa Grande – 0,4 e 1,2
Cacimba em frente ao colégio Dom Eliseu – 0,3 e 0,3
Açude Cachoeirinha “Tanque do Governo” – 0,1 e 1,0
A portaria 518 de 2004 do Ministério da Saúde indica como limites 0,1 (2) para alfa global e 1,0 para beta global.
(INGÁ / EcoDebate, 01/12/2009)