(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
patagônia privatização da água hidrelétricas na patagônia
2009-12-01

Em uma iniciativa que se torna pouco comum no âmbito da Igreja Católica, os bispos da Patagônia, de ambos lados da fronteira argentino-chilena, emitiram um documento conjunto dirigido ao Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em que denunciam a “grave crise” que se vive em todo o planeta com relação ao uso irresponsável dos recursos aquíferos, reivindica-se um “plano mundial da água”; solicita-se que “as bacias hidrográficas, as glaciais e as águas subterrâneas” sejam declaradas “bens comuns” da humanidade e, em consequencia, sejam gerados os mecanismos necessários para sua proteção.

O documento, que aparece de forma coincidente com a celebração do 25º aniversário do Tratado de Paz e Amizade entre Argentina e Chile que encerrou o conflito do Beagle, mediante a mediação vaticana e motivo pelo qual as presidentes dos dois países viajaram para Roma, está assinado por dois bispos chilenos e oito argentinos. Entre os últimos, encontra-se o titular da diocese de Comodoro Rivadavia, Virginio Bressanelli, quem, há poucas semanas, apresentou outra declaração denunciando os estragos que a mega-mineração ocasiona na província de Chubut.

A declaração se titula “Clamor da Patagônia” e foi produzida em forma de carta ao Secretário Geral das Nações Unidas, solicitando que o tema da água seja incluído na agenda da cúpula do máximo organismo internacional que se realizará em Copenhague de 7 a 18 de dezembro próximo. Ao mesmo tempo, os bispos católicos pedem que as considerações sobre a água tenham também “uma importância relevante nos tratados pós-Kyoto (2012)”.

Os dez bispos fazem o chamado “conscientes da enorme responsabilidade das decisões das autoridades políticas (...) em relação com a paz social, o desenvolvimento dos povos, o presente e o futuro da história, a mudança climática, a energia, o meio ambiente e, em especial, da água” e “agradecidos e satisfeitos por viver na Patagônia”, se bem que “sensivelmente preocupados com as ameaças” que sofre essa região pelos “projetos mineiros, hidroelétricos, aquícolas, florestais e até de resíduos nucleares, que feririam grave e irreversivelmente a natureza e a vida humana”. Em suas considerações, as autoridades eclesiásticas assinalam que a água doce é “um elemento vital e fonte de vida que não se pode substituir” e “um dom de Deus, como toda vida e fonte de vida (terra, ar, água, luz)”.

Na carta a Ban Ki-moon, os bispos afirmam que a água doce é um direito humano, patrimônio comum da humanidade, que, portanto, “não pode ser privatizada” e menos ainda mercantilizada, “porque é um elemento vital não só para a vida, mas também para as culturas, as religiões, a economia e a política”. Por tudo isso, acrescentam, “deve ser motivo de solidariedade, justiça e equidade entre os povos”.

Os assinantes denunciam que as reservas de água doce “sofrem uma grave crise em todo o planeta, limitando a produção de elementos, aumentando doenças e a atroz morte de milhares de crianças, provocando uma crescente pobreza por mal uso, contaminação, falta de água potável, mercantilização (frequentemente de monopólios), uso exagerado em setores consumistas”.

Advertem também que a água já é “fonte de importantes conflitos em muitos países e entre países em todo o planeta, pondo em sério risco a paz social” e é “motivo de responsabilidade humana, ética, moral e política dos líderes mundiais para a atual e para as futuras gerações”.

No momento das propostas, solicitam que “se viabilize em tempos relativamente breves um plano mundial da água” e que “se promova, em todos os países, a gestão da água com participação do setor público, do setor privado e das comunidades e organismos locais”, destacando que devem se considerar as bacias hidrográficas, os glaciais e as águas subterrâneas como “bens comuns”. Ao mesmo tempo, pede-se que “a ONU coopere em impulsionar e promover mais uma incisiva cultura da vida e da austeridade com os bens, sobretudo onde a cultura consumista é mais depredadora”.

Os bispos da zona mais austral do continente americano se comprometem eles mesmos a colaborar na tomada de consciência “para que a água não chegue a ser o símbolo e o meio de novas colonizações e escravidões do século XXI”.

Em sua carta, dizem que “estes clamores e propostas as confiamos em sua consideração para que cada qual assuma as responsabilidades que lhe correspondem, frente ao juízo da vida e da história”. Assinam os bispos chilenos Luis Infanti de la Mora (Aysén) e Bernardo Bastres Florence (Punta Arenas), e os argentinos Marcelo Melani (Neuquén), Néstor Navarro (Alto Valle), José Pozzi (emérito de Alto Valle), Esteban Laxague (Viedma), Fernando Maletti (Bariloche), José Slaby (Esquel), Virginio Bressanelli (Comodoro) e Juan Carlos Romanín (Río Gallegos).

(Por Washington Uranga, Página/12 / IHUnisinos, com tradução de Vanessa Alves, 01/12/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -