O antigo programa televisivo luso Vida na Terra foi o mote para Paulo Magalhães, coordenador do Condomínio da Terra, para se dedicar 100% às questões ambientais e defender com afinco que "a atmosfera é um bem comum".
Com 42 anos, o ativista e fundador da Quercus, a principal organização ambiental portuguesa, Paulo Magalhães é jurista ambiental e fotógrafo. Porém ele abandonou as duas atividades para se dedicar integralmente ao Condomínio da Terra, um projeto português que defende que o mundo deve ser gerido como uma casa comum.
Para ele, os problemas ambientais são problemas das relações entre os homens, porque não sabemos viver na mesma casa. Ele fundou a Quercus em 1985, com outros ativistas, quando era ainda adolescente e depois de já se dedicar à observação e estudo de aves aquáticas e marinhas, junto ao Rio Minho, e de rapina, em Trás-os-Montes.
Em declarações à Agência Lusa, o ambientalista afirmou que o programa Vida na Terra foi "o impulsionador de tudo isto", desta luta pela defesa da Terra, numa série de pessoas que acabaram por se encontrar mais tarde e fundar a associação que é agora a Quercus.
Considerando que "nunca ninguém [preocupado com o ambiente] vai ao fundo do tacho do problema", Paulo Magalhães disse esperar da Cúpula de Copenhague, em dezembro, "mais do mesmo", ou seja, "quase nada".
Citando a frase de Einstein "não se pode resolver um problema utilizando-se o mesmo tipo de raciocínio que criou o problema", Magalhães considera não ser possível centrar as questões ambientais no dióxido de carbono (CO2). "É preciso declarar a atmosfera parte comum da Humanidade", disse, acrescentando que tudo passa por uma alteração do conceito de soberania.
Além disso, ele pontou, a título de exemplo do que se deve fazer em condomínio, a Noruega, que paga já pela manutenção da Amazônia, no Brasil, porque percebeu que o seu clima depende de outro lado. "A Noruega já percebeu que não está a dar uma esmola ao pobre, mas sim a salvaguardar-se, porque o seu clima depende de outro lado", frisou.
A conferência de Copenhague, que acontece de 7 a 18 de dezembro, pretende concluir um acordo que deve entrar em vigor antes de expirar a primeira fase do Protocolo de Kyoto, em janeiro de 2013, para travar de forma vinculativa as emissões de dióxido de carbono.
(Lusa / UOL, 30/11/2009)