A Venezuela expulsou de seu território na Amazônia centenas de garimpeiros que trabalhavam sem licença, entre eles colombianos, equatorianos e mais de cem brasileiros, revelou disse nesta segunda-feira (30/11) o ministro colombiano da Defesa, Gabriel Silva.
"Vamos denunciar às autoridades internacionais de direitos humanos este tipo de deslocamento forçado, que viola o direito internacional humanitário", disse Silva na cidade de Puerto Inírida, onde esteve para entregar ajuda aos garimpeiros. O ministro destacou que foi "uma expulsão sem qualquer processo [legal], sem informação e sem aviso", o que dificultou a "recepção humanitária destas pessoas".
"Acreditamos que a expulsão envolveu mais de mil pessoas, inclusive cem brasileiros", que trabalhavam no garimpo de Yapacá, na zona da cidade de San Fernando de Atabapo, no Estado venezuelano do Amazonas. Silva assinalou que as autoridades colombianas entrarão em contato com o governo em Brasília para organizar a repatriação dos garimpeiros brasileiros.
Alguns dos expulsos disseram a jornalistas que acompanharam Silva em viagem a Inirida, capital de Guainia, que foram forçados a deixar a Venezuela por tropas da Guarda Nacional daquele país, que chegaram à área de exploração "fazendo disparos e obrigando todos a sair correndo".
"Estávamos lá quando chegaram os helicópteros [da Guarda Nacional] e fomos obrigados a sair. Simplesmente disseram que éramos ilegais e nos mandaram partir", disse um dos garimpeiros, Pedro Matías, à rádio RCN.
Um levantamento inicial estabeleceu que chegaram a Inírida cerca de 380 colombianos e 45 brasileiros. As autoridades venezuelanas impediram nesta segunda-feira o ingresso em seu território de uma missão colombiana que pretendia verificar a informação de que grupo de pessoas poderia retornar para a Colômbia.
O episódio é um dos vários incidentes recentes entre Colômbia e venezuela na fronteira entre os dois países, que já deixaram mais de dez mortos. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, congelou as relações com a Colômbia em agosto e chegou a conclamar os cidadãos a se prepararem para a guerra, dizendo que o acordo que permite aos Estados Unidos usar sete bases militares da Colômbia é uma ameaça à segurança regional.
(Folha Online / UOL, 30/11/2009)