Apesar da crise econômica ter prejudicado o setor em 2009, a Alemanha quebrou o recorde de maior capacidade instalada em um único ano ao atingir a marca dos 3 GW, o que pode indicar uma nova expansão no mercado para os próximos meses
Tudo uma questão de planejamento. Os primeiros meses de 2009 foram terríveis para a indústria solar, com algumas empresas registrando perdas bilionárias. Porém, bastou o mercado começar a se recuperar para que o país mais preparado pudesse aproveitar os baixos preços dos componentes e dos painéis solares e mostrar porque é o líder mundial em renováveis.
Há alguns anos o governo alemão resolveu adotar uma série de incentivos, incluindo tarifas feed-in, para as energias renováveis, principalmente para a eólica e solar. O investimento já foi mais que recompensado ao diversificar e limpar a matriz energética do país, e agora ganha novamente destaque por ter alcançado um número histórico: três gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia solar apenas em 2009, o que faz a Alemanha produzir um terço de toda a energia solar do planeta, 5,3 GW de 15 GW.
A capacidade instalada este ano representa praticamente o dobro do volume de 2008, 1,6 GW. Indústrias do setor afirmaram que o baixo preço e a alta oferta de painéis foram os principais fatores responsáveis pelo crescimento, e que ele só não foi maior porque os fornecedores já estão no limite. “Estamos surpresos como a demanda se fortaleceu. Apenas não alcançaremos mais de 3 GW porque não há mais capacidade. Estamos trabalhando no limite”, afirmou à Reuters o presidente da Associação das Indústrias Solares da Alemanha (BSW),Carsten Koernig.
De acordo com a BSW, esse crescimento recorde também se deve aos sinais do governo de que pode reduzir os incentivos para o setor nos próximos meses, já que considera que a indústria está madura e que não precisaria mais de tantos recursos públicos. Dessa forma, os investidores estariam aproveitando para começar projetos agora, para ainda serem favorecidos pelas atuais regras.
“Mas estamos confiantes que o governo não deseja colocar em risco a indústria, e se realmente acontecerem alguns ajustes, eles serão mínimos. O governo já nos deu importantes sinais de que ainda está apostando nas energias renováveis”, concluiu Koernig.
Projeções
Em 2009, a indústria experimentou um período ruim causado principalmente pela crise de crédito e o declínio de quase 50% nos preços de módulos solares. Para o próximo ano, analistas estão prevendo uma grande melhora, com os produtos chineses tendo um maior impacto no mercado e com os cortes previstos nos incentivos europeus sendo menores do que era temido.
“Ainda existem algumas incertezas, mas acredito que em seis ou 12 meses o mercado solar estará bem melhor que agora e as ações valendo mais”, afirmou o analista da consultoria Cowen and Co, Rob Stone.
A queda dos preços dos painéis solares também deve se tornar um atrativo para novos investimentos. Espera-se uma redução de até 15% no custo deles, mas as empresas fornecedoras devem conseguir manter uma margem de lucro confortável pelo aumento de outros componentes, prevêem analistas.
O CEO da Q-Cells, Anton Milner, uma das maiores fabricantes de células solares do mundo, espera que a demanda cresça na primeira metade de 2010, um alívio depois ter tido prejuízos de quase um bilhão de euros nos primeiros nove meses de 2009. Outras empresas, como a Conergy e a Phoenix Solar, também tem essa visão, e aguardam um novo impulso no setor no próximo ano.
As previsões coincidem ao anunciar uma retomada na energia solar, assim como nas renováveis em geral, depois de um período de incertezas. Apenas na Alemanha, a indústria solar emprega 54 mil pessoas e movimentou € 9,5 bilhões em 2008.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 25/11/2009)