O Parlamento iraniano manifestou neste domingo o desejo de que o governo reduza a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em represália pela resolução da agência da ONU que condena o Irã por seu controverso programa nuclear.
De acordo com o canal estatal de TV do país, 226 dos 290 deputados assinaram uma carta na qual pedem ao governo de Teerã um "plano rápido destinado a reduzir o nível de cooperação com a AIEA". O plano deve ser submetido em seguida ao Parlamento, completa o texto.
A ameaça acontece dois dias depois da aprovação pela AIEA de uma resolução que condena o Irã pelo controverso programa nuclear e pede, em particular, a suspensão da construção da nova central atômica do país, revelada apenas em setembro.
A ameaça de uma séria redução da cooperação com a agência da ONU já havia sido mencionada pelo presidente do Parlamento, Ali Larijani, que criticou a resolução da AIEA.
Em um discurso para os parlamentares, Larijani afirmou que a resolução aprovada na sexta-feira, que pode abrir caminho para novas sanções da ONU, representa um "engano político".
"O Parlamento iraniano adverte os Estados Unidos e os outros membros do grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, além da Alemanha, que apresentaram a resolução) que não devem imaginar que este jogo já superado vai dar a eles uma oportunidade de negociar", declarou Larijani.
"Não obriguem o Parlamento e a nação iraniana a escolher outro caminho e a reduzir seriamente a cooperação com a AIEA", advertiu.
A resolução aprovada pela AIEA por ampla maioria dos 35 membros (25 votos a favor, três contra e sete abstenções, incluindo o Brasil) condena Teerã pelo programa nuclear e pide a "suspensão" da construção da central nuclear próxima da cidade sagrada de Qom, conhecidada como Fordo (centro do país), cuja existência foi ocultada pelo Irã até setembro.
"Esta iniciativa do grupo 5+1 mostra que não buscam a negociação, e sim cometer um engano político", completou Larijani, um dirigente conservador de grande influência e que já foi o negociador iraniano para a questão nuclear. "Deveriam ter recebido positivamente a revelação iraniana da central de Fordo, ao invés de procurar um pretexto para esta resolução".
"Vamos seguir atentamente as próximas iniciativas de vocês e adotaremos um novo enfoque a respeito de vocês, caso não abandonem esta política ridícula da cenoura e garrote", destacou.
(AFP / UOL, 29/11/2009)