O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu neste domingo aos líderes ibero-americanos reunidos em Lisboa que aprovem, em Copenhague, um acordo "ambicioso e justo" sobre mudanças climáticas, uma questão na qual o mundo "não se pode dar ao luxo de falhar".
Em mensagem aos líderes reunidos em Lisboa para a 19ª Cúpula Ibero-americana - lida pelo alto-comissário da ONU para os Refugiados (Acnur), António Guterres -, Ban pediu aos líderes para que participem da Conferência do Clima, em Copenhague, onde já estão confirmadas as presenças de 65 governantes mundiais.
"Não podemos dar-nos ao luxo de falhar. Os custos seriam demasiado grandes. Quanto mais esperarmos, pior será. Eu estou seguro do apoio da vossa liderança para conseguirmos um acordo e para o concretizar será decisiva", afirmou.
"Temos que alcançar as fundações firmes para um tratado com valor legal, para estabelecer tão cedo como possível em 2010", afirmou.
Ele insistiu em que, ao contrário do que tem sido noticiado, continuam surgindo "novos compromissos e novas promessas", tanto de nações industrializadas quanto de países emergentes e em desenvolvimento.
Nesse sentido, o secretário-geral da ONU pede aos líderes em Lisboa para que não ignorem a "necessidade de responder aos desafios das alterações climáticas".
"Os novos conhecimentos ditam-nos que é preciso agir já. A nossa capacidade para inovar tem que ser posta em prática sem demora", disse, mencionando o tema da cúpula, inovação e conhecimento.
"A vossa liderança é crucial. Incito-vos a aceitar o convite para irem a Copenhague (?) e a que cheguem prontos para fechar um acordo ambicioso e justo", disse.
Um acordo que "satisfaça as ambições das ciências, das emissões de gases de estufa, que proteja os mais vulneráveis e abra caminho para desenvolvimento sustentável, mais verde e mais limpo", acrescentou.
Na mensagem, Ban considerou ainda que as "organizações regionais e outras intergovernamentais", como a conferência ibero-americana, "são parceiros-chave das Nações Unidas".
Uma parceria que, no caso ibero-americano, é tanto individual quanto coletiva e permitiu avançar na cooperação sul-sul e conseguir uma participação cada vez maior nas operações de paz, especificamente no Haiti. Resposta à crise
O secretário-geral da ONU também destacou a intervenção ibero-americana na resposta à crise econômica global e nos esforços "para tornar os processos de decisões econômicas internacionais mais inclusivos"
Além da mensagem de Ban, Guterres disse ainda aos presentes que as migrações, a segurança, as mudanças climáticas e o problema energético e da água estão "a agravar os desequilíbrios que, pela primeira vez, mostram um limite físico ao desenvolvimento da humanidade".
Problemas a que só se pode responder com "uma visão global" e que podem ser melhor enfrentados com "inovação e o conhecimento".
"É preciso agir já. A nossa capacidade para inovar tem que ser posta em prática sem demora", afirmou.
Guterres discursou na cerimônia de abertura da cúpula, que reúne em Lisboa representantes de 22 países da Península Ibérica e da América Latina, sob o tema da inovação e conhecimento.
Na inauguração do evento discursaram o presidente português, Aníbal Cavaco Silva, o primeiro-ministro, José Sócrates, o presidente de El Salvador, Maurício Funes, e o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias.
Os líderes ibero-americanos, que têm chegado a Lisboa nas últimas 24 horas, se dirigem esta noite para o Mosteiro dos Jerónimos, onde ocorrerá um jantar oficial oferecido por Cavaco Silva.
Os trabalhos da reunião começam na manhã desta segunda, em um hotel no Estoril, onde foi instalado até terça-feira um forte dispositivo de segurança em terra, mar e ar.
(Lusa / UOL, 29/11/2009)