A secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti), Isa Maria de Oliveira, defendeu nesta terça-feira (24/11) a implementação de medidas eficazes de apoio às famílias com crianças que trabalhem e a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o tema. Ela participou na Câmara de um seminário sobre os 15 anos do FNPeti, promovido pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Direitos Humanos e Minorias; e de Educação e Cultura.
Isa Oliveira citou medidas adotadas pelo Brasil que contribuíram para enfrentar o problema. Entre elas, a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti); a aprovação da lista das piores formas de trabalho infantil (Decreto 6481/08); e a rejeição da PEC 191/00, que autorizava o ingresso de maiores de 14 e menores de 18 anos no mercado de trabalho. Atualmente, a Constituição proíbe o trabalho de menores de 16 anos. Os maiores de 14 podem ser admitidos, mas apenas na condição de aprendiz.
De acordo com a secretária, a redução do trabalho infantil (5 a 17 anos) entre 1992 e 2008 foi de 47,5%, o que representa quase 4,5 milhões de crianças. Na opinião da procuradora do Trabalho Mariane Josviak, a ampliação da rede de educação integral vai reduzir ainda mais o trabalho infantil.
Renda
Oris de Oliveira, do Conselho Consultivo da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, afirmou que o grande desafio para o combate ao trabalho infantil é o modelo econômico concentrador de renda. Em sua avaliação, enquanto persistir a concentração de renda no País será impossível acabar com o problema, que “é fruto da pobreza".
O chefe da Divisão de Fiscalização do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Luiz Henrique Lopes, disse que até 2015 o País pretende erradicar as formas mais graves de trabalho infantil, como atividades em lixões, nas ruas e com agrotóxicos. Já a previsão para erradicar todos os tipos de trabalho infantil é 2020, segundo ele.
Fórum
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Luiz Couto (PT-PB), defendeu a participação do FNPeti na luta para melhorar a qualidade da educação. Para ele, não há dúvidas sobre a relevância do trabalho do fórum.
O FNPeti foi instalado em 1994 com o objetivo de articular esforços e tomar medidas para eliminar a exploração do trabalho infantil e proteger o adolescente trabalhador. Ele coordena a Rede Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, que tem a participação de 26 estados, do Distrito Federal e de 52 entidades representativas do governo federal, de trabalhadores, de empregadores, de ONGs, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
(Por Oscar Telles, com edição de João Pitella Junior, Agência Câmara, 24/11/2009)