Mais mortes associadas ao calor intenso, problemas do sistema cardiorrespiratório relacionados com a poluição e doenças transmissíveis pela água ou pelos alimentos são algumas das consequências das mudanças climáticas na população portuguesa.
De acordo com o chefe da Divisão de Saúde Ambiental da Direção-Geral da Saúde (DGS), Paulo Diegues, o aumento da procura por serviços de emergência devido a estes problemas de saúde demonstra a dimensão da questão.
Segundo o especialista, esta situação afeta o mundo - confrontado com as mudanças climáticas -, mas mais particularmente a Europa.
"Estima-se que mais de 370 mil pessoas na Europa sejam afetadas por problemas de poluição atmosférica, atribuídos em grande parte às alterações climáticas", explicou à Agência Lusa.
As ondas de calor de 2003, 2005 e 2006, a seca em 2004 e 2005 e as inundações em outubro e novembro de 2006 são exemplos de fenômenos climáticos extremos - intensificados pelo aquecimento global - em Portugal, com graves riscos para a saúde pública.
De acordo com informação da Direção-Geral da Saúde (DGS), "estas alterações de frequência e intensidade dos fenômenos climáticos extremos constituem graves riscos para a saúde humana".
A mais famosa onda de calor em Portugal foi registrada em 2003, e ficou associada a um excesso de mortalidade de mais 1.953 óbitos, dos quais 89% com idades iguais ou superiores a 75 anos, segundo dados do Ministério da Saúde português.
Plano de contingência
Seguindo-se este fenômeno, as autoridades de saúde implementaram, a partir de 2004, um plano de contingência para ondas de calor com o objetivo de "minimizar os efeitos negativos do calor na saúde".
Em 2006 foi registrado o quinto Verão mais quente de Portugal desde 1931, com cinco ondas de calor meteorológicas.
Em relação à chuva, as projeções apontam para "uma redução da precipitação durante a Primavera, Verão e Outono, mais evidente na região Sul do país, e para uma maior frequência de episódios de precipitação intensa".
Os efeitos das mudanças climáticas levaram as autoridades sanitárias portuguesas a elaborar planos de contingência e a monitorar, além das ondas de calor, os níveis de ozono.
Estes fenômenos contribuíram igualmente para a reativação do sistema de vigilância de vetores em Portugal. Neste âmbito, disse Diegues, estão sendo feitas coletas de mosquitos que, periodicamente, são pesquisados para saber se e qual a infecção de que são portadores.
(Por Sandra Moutinho, Lusa, UOL, 29/11/2009)