As medidas de fechamento das escolas no início da epidemia da nova gripe levantou polêmica e foi criticada por muitos pois não se conhecia sua eficácia em termos matemáticos. Porém, uma pesquisa mostra que isso significou uma diminuição de 21% na transmissão nos países europeus.
A hipótese por trás da decisão de decretar feriado escolar prolongado é a de que ao se manter as crianças afastadas, a velocidade de transmissão da doença será diminuída.
A aplicação de medidas de restrição coletivas como o fechamento de escolas e restrição de atividades públicas é orientada pelos efeitos dessas medidas nas epidemias passadas e a cada vez a gritaria popular é a mesma.
Um trabalho publicado na revista "BMC Infectiuos Diseases", uma revista médica de acesso aberto, na Internet, apresenta os resultados da avaliação dessas medidas na Europa na atual pandemia de gripe.
Coleta de dados
Um time de especialistas da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, coletou os dados da disseminação da infecção pelo Influenza A (H1N1) em oito países. A partir desses dados, os cientistas aplicaram modelos matemáticos de dispersão da doença e os estudaram dia-a-dia durante o período de maior numero de casos da gripe.
O resultado das análises mostrou que o número de contatos próximos diminui em 10% por conta da mudança no calendário escolar. As crianças representam, durante um surto infeccioso, uma importante fonte de disseminação de uma infecção. As crianças menores, em especial, que tendem a manter contatos mais próximos em suas brincadeiras, permitindo a transmissão do vírus.
Da próxima vez, antes de criticar uma decisão de saúde pública, pense no efeito positivo que possa resultar disso, apesar dos transtornos e dificuldades em se manter os pequenos em casa.
(Por Luis Fernando Correia Especial, G1, 29/11/2009)