Os seguros agrícolas estudam agregar novos riscos como queimadas ou fortes chuvas para amenizar o efeito das mudanças climáticas sobre o rendimento dos agricultores, disse à Agência Lusa o perito Joaquim Sampaio, que defende a criação de apólices diferenciadas.
O aquecimento global terá reflexos na alteração dos riscos existentes nos seguros agrícolas ou mesmo na criação de novos riscos, admitiu Sampaio, responsável da unidade de recuperação e produtos financeiros do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (Ifap).
Em Portugal, a cobertura-base dos seguros de colheitas protege os agricultores de riscos como incêndios, queda de raio, explosão e granizo, e há opções complementares, como tornado, geada, tromba d'água ou queda de neve, mas pode ser necessário rever estes sistemas.
"Há necessidade de reavaliar os riscos e os períodos de cobertura e ver se estão ajustados", considerou Sampaio.
O aumento das temperaturas no Verão, por exemplo, "pode implicar que determinados prejuízos venham a ser considerados seguráveis, porque representam perdas significativas do rendimento dos agricultores".
Com a alteração dos padrões de ocorrência dos fenômenos meteorológicos são esperadas variações nos períodos de registro dos mesmos, atrasos ou antecipação dos estados de desenvolvimento das culturas e maior intensidade de acontecimentos extremos, como secas e inundações.
Por isso, Sampaio aponta para a necessidade de "evoluir a nível das condições de contratação, no sentido de uma maior adaptação dos riscos a cada cultura e a cada região".
"Atualmente, as apólices são muito uniformes, as condições não são específicas. A tendência será para criar apólices específicas por culturas ou grupos de culturas", disse o perito do Ifap.
Uma fonte da Associação Portuguesa de Seguradores admitiu à Lusa que os seguros terão de acompanhar a evolução das mudanças climáticas caso estes efeitos se agravem, mas, "para já, não há dados suficientes para fazer esta avaliação".
(Lusa, UOL, 28/11/2009)