A redução de emissão de gases causadores de efeito estufa virou oportunidade de negócio após o estabelecimento de um mercado de créditos de carbono.
O Brasil, por ser um país em desenvolvimento, não assumiu metas de redução de emissões de gases do efeito estufa pelo Protocolo de Kyoto. Por isso, suas reduções podem ser convertidas em créditos para serem vendidos.
“Os maiores potenciais mundiais [para geração de créditos] são China, Índia, Brasil e México”, aponta Julio Tocalino, diretor-executivo do Brazilian Carbon Bureau, que auxilia empresas brasileiras a medirem o quanto emitem e a encontrarem formas de redução de emissões.
Segundo Tocalino, o Brasil ainda tem muito espaço para novos projetos. “Se você disser que tem projeto para 1 bilhão de libras, consigo os investidores para isso”, diz. “É um mercado muito novo. Faltam especialistas na área que gerem mais credibilidade.”
“A demanda é muito maior que a oferta”, concorda Flavio Santos, sócio-diretor da BioFinance, outra consultoria que atua neste mercado que, segundo ele, já movimenta mais de US$ 1 bilhão ao ano no mundo.
Mas como funciona o comércio de créditos de carbono?
Empresas e governos de países desenvolvidos que se comprometeram a reduzir suas emissões, em vez de tomar medidas para efetivamente diminuí-las, podem comprar créditos de países em desenvolvimento para compensar o que tem emitido.
Assim, uma fábrica no Brasil, por exemplo, pode mudar sua forma de produção para emitir menos carbono e vender a diferença a um emissor interessado. O processo tem que ser auditado para garantir que a redução ocorreu.
Como padrão, considera-se que um crédito equivale a uma tonelada de gás carbônico (CO2). “Hoje está em cerca de 17 euros a tonelada. Mas já chegou a 24 euros”, diz Tocalino. “Há táxis em Londres que compensam suas emissões com créditos do Brasil”, exemplifica.
O mercado surgiu a partir do Protocolo de Kyoto, quando o Japão e os países da Europa Ocidental se comprometeram a diminuir a quantidade de gases de efeito estufa que emitem. “As empresas desses países podem comprar até 10% do que deveriam reduzir em créditos de carbono”, explica Santos.
(G1, 28/11/2009)