Um importante enviado da China para o clima disse nesta sexta-feira (27) que apenas as reduções nas emissões executadas com apoio financeiro internacional estariam abertas ao escrutínio externo, provavelmente uma "proporção muito pequena" das reduções totais realizadas pelo país asiático.
Yu Qingtai, o embaixador da China para a mudança climática, acrescentou que o mundo não deveria esperar que o governo de Pequim adotasse uma nova meta para reduzir o crescimento nas emissões de gases-estufa -- descrita por alguns como modesta -- porque ela representava "o máximo de nossos esforços".
A China anunciou na quinta-feira que cortaria os níveis de intensidade de carbono - a quantidade de CO2 produzido por unidade de crescimento do PIB - em entre 40% e 45% até 2020.
O anúncio aumentou a esperança de se chegar a um acordo sobre um novo pacto para combater a mudança climática na conferência liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Copenhague, no mês que vem, mas levantou a questão de como as reduções seriam monitoradas em um país onde o segredo e a corrupção lançam dúvidas sobre números oficiais.
A China enfatizou que a sua meta é uma política voluntária e interna, elevando o temor de uma disputa em Copenhague sobre como e se as reduções nas emissões chinesas seriam verificadas.
"Você não pode aplicar o mesmo tipo de padrão a medidas que tomamos por conta própria, com recursos próprios, para ações tomadas com o apoio internacional", disse ele em Pequim.
Checagem
Em uma rodada de negociações em Bali, na Indonésia, há dois anos, as nações em desenvolvimento prometeram adotar "medidas de redução mensuráveis, notificáveis e verificáveis" em suas emissões.
A expressão indica que qualquer redução deve ser verificada por terceiros.
"As ações serão mensuráveis, notificáveis e verificáveis se o apoio (internacional) for mensurável, notificável e verificável", disse Yu a repórteres.
"Se você observar a magnitude das medidas anunciadas ontem, eu presumiria que apenas uma proporção muito pequena estará sob essa cláusula particular".
Pequim insiste que os países ricos e industrializados devem continuar a arcar com a maior parte do ônus em reduzir os gases-estufa e que os países em desenvolvimento, como China e Índia, não devem ser submetidos a metas obrigatórias de redução nas emissões em um novo acordo.
A China também diz que qualquer acordo novo deverá incluir mais apoio financeiro e tecnológico para os países em desenvolvimento.
(Reuters, G1, 28/11/2009)