A sucessão de vendavais e chuvaradas que penaliza o Rio Grande do Sul já expulsou 20,5 mil pessoas de suas casas desde a semana passada e acumula prejuízos superiores a R$ 3,5 bilhões nos últimos quatro meses.
Apenas ontem, quando um novo temporal sacudiu o sul do Estado, outras 14 prefeituras decretaram situação de emergência e somaram 66 municípios castigados por destelhamentos, inundações e destruição.
Uma estimativa do chefe da Casa Militar, coronel João Batista Gil, calcula em pelo menos R$ 3,5 bilhões os prejuízos que o clima em 120 dias impôs a áreas como energia, estradas, moradias e prédios públicos.
A secretária-geral de governo, Ana Pellini, destaca que a estimativa envolve não somente perdas decorrentes de destruições provocadas pelo mau tempo, mas também o que deixou de ser produzido nesse período. Esse custo, porém, ainda não contabiliza os estragos causados pelas mais recentes tempestades.
Desde quinta-feira até ontem, a rotina de chuvas torrenciais e ventanias deixou 4.922 mil gaúchos desabrigados (dependentes de auxílio governamental) e obrigou outros 15.870 a buscarem refúgio na casa de vizinhos ou parentes. Ainda provocou danos em 15,8 mil casas e destruiu 292. Oito pessoas morreram. Na Região da Campanha, a dimensão dos estragos fez com que até o Exército se somasse aos esforços de auxílio às vítimas.
Cerca de 60 homens do 4º Regimento de Carros de Combate (4º RCC), de Rosário do Sul, levou móveis dos desabrigados para o local onde eles estão alojados. Na terça-feira, o 12º Batalhão de Engenharia (12ºBE), de Alegrete, reforçou o apoio aos atingidos, enviando oito homens para atuar nas áreas afetadas pelas cheias do Rio Santa Maria.
Ministros verão estragos amanhã
O coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Joel Prates Pedroso, contabiliza 16 eventos climáticos violentos este ano. Desses, 11 foram especialmente destrutivos. O mais recente deles atingiu Rio Grande ontem pela manhã com ventos de 109 km/h, segundo a Praticagem da Barra.
A praia do Cassino foi o ponto mais afetado: duas casas foram destelhadas e cerca de 20 árvores tombaram. Três delas caíram sobre a RS-734, que teve o trânsito bloqueado. A localidade inteira ficou sem energia elétrica, assim como outros pontos do interior do município.
Doze postes caíram ao longo da cidade, deixando cerca de 16 mil clientes sem serviço. No Centro e nos bairros, houve mais casas destelhadas e árvores caídas.
Os ventos arrancaram algumas folhas de zinco do telhado do Ginásio Farydo Salomão e derrubaram o muro da Escola Municipal Sant’Ana, esta na Vila da Quinta. Em Arroio Grande, o temporal deixou a cidade inteira sem energia elétrica.
– O Estado está se confirmando como um dos lugares mais propensos a desastres naturais do mundo – avalia Pedroso.
A previsão do Comitê de Operação e Planejamento do setor Elétrico do RS (Copergs) é de que novos eventos climáticos venham a reforçar esse indesejável título. Na terça-feira, em reunião do Copergs com o secretário de Infraestrutura e Logística, Daniel Andrade, e representantes das empresas CEEE, AES Sul, RGE, Eletrosul e da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs), foram discutidas as alterações climáticas em ocorrência no Estado.
Amanhã, um comitiva interministerial, liderada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sobrevoará as áreas afetadas para avaliar o número de recursos necessários para atender as vítimas dos temporais.
(Zero Hora, 27/11/2009)