A economia portuguesa poderá estar entre as mais afetadas pelo aquecimento global, segundo um estudo da Comissão Europeia (Executivo da União Europeia) sobre os potenciais custos financeiros das mudanças climáticas nos países do bloco, divulgado nesta quarta-feira em Bruxelas.
De acordo com o relatório elaborado pelo Centro Comum de Pesquisa da Comissão, se o clima esperado para 2080 fosse registrado hoje, as perdas anuais do Produto Interno Bruto (PIB) da UE se situariam entre 20 bilhões e 65 bilhões de euros (entre R$ 51,7 bilhões e R$ 168 bilhões no câmbio atual), dependendo do aumento da temperatura (entre 2,5 e 5,4 graus), sendo os países do Sul da Europa, entre eles Portugal, os mais afetados.
O relatório final do projeto Peseta (projeção dos impactos econômicos das mudanças climáticas em setores do bloco) baseia suas estimativas em quatro aspectos considerados altamente sensíveis à questão - agricultura, enchentes, sistemas costeiros e turismo -, com diferentes cenários de aumento da temperatura e do nível da água do mar até 2080.
Para simplificar a interpretação dos resultados, os impactos das mudanças do clima na União Europeia foram divididos em cinco regiões, e, segundo as estimativas, a mais afetada o Sul da Europa, que compreende Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Bulgária.
O estudo indica que estes países apresentam as maiores perdas em termos de bem-estar econômico, que historicamente cresce anualmente dois pontos percentuais na Europa, e que nesta região poderia cair entre 0,3% e 1,6% ao ano.
O impacto das mudanças climáticas, continua o documento, é negativo em todos os setores, com uma deterioração bastante acentuada no pior cenário, de um aumento da temperatura na ordem dos 5,4 graus: a agricultura sofreria os maiores danos, perdendo até 25% dos campos, e as receitas de turismo poderiam diminuir até 5 bilhões de euros anualmente (R$ 12,9 bilhões).
O relatório destaca que os custos do aquecimento global poderiam ser, no entanto, muito maiores, já que o estudo apenas contempla quatro setores da economia, deixando de fora impactos não econômicos em domínios como a biodiversidade, ecossistemas e desastres naturais.
(Lusa / UOL, 25/11/2009)