Há um ano Santa Catarina enfrentava um dos episódios mais tristes de sua história. As fortes chuvas que caíram no Estado entre os dias 22 e 23 de novembro de 2008 redundaram em uma tragédia sem precedentes: as enchentes e os diversos deslizamentos provocaram 126 mortes, 78 mil desabrigados, perdas de 526 milhões de reais na agricultura e outros incontáveis prejuízos materiais.
Aquela primavera foi caracteriza por chuva acima da média, registrada já nos meses de setembro e outubro no Vale do Itajaí, Litoral Norte e Grande Florianópolis. Entre os dias 1 e 25 de novembro de 2008 houve registro de chuva em pelo menos 21 dias. Os totais nesse período superaram os 600 mm, chegando próximo de 1000mm em Blumenau e Luiz Alves. A média normal para essas regiões em novembro é de 150 mm.
Os dias mais críticos ficaram entre 21 e 24 de novembro, quando os totais atingiram valores entre 500mm e 600mm em Blumenau e Luiz Alves. No dia 18 de novembro a Epagri/Ciram já informava dos riscos de alagamentos e deslizamento em seu Aviso Meteorológico, distribuído para a imprensa e a Defesa Civil. Infelizmente as previsões se confirmaram, inclusive com a superação de todas as expectativas.
Apesar de ter cumprido com exatidão seu papel de prever o fenômeno meteorológico e alertar a sociedade e as autoridades para o fato, a Epagri/Ciram buscou incessantemente aperfeiçoamento neste último ano. A idéia é aprimorar ainda mais sua atuação e, cada vez mais, antecipar o que o céu guarda para os catarinenses em termos de meteorologia.
O chefe da Epagri/Ciram, Sergio Zampieri, explica que ao longo de 2009 foram implementadas ações no sentido de equipar o Centro. A compra e instalação de um radar meteorológico em Santa Catarina mobilizou esforços nos níveis estadual e federal e já é quase uma realidade concreta.
Sistema de monitoramento
Outro desafio é a ampliação do sistema de monitoramento ambiental da Epagri/Ciram, composto por estações meteorológicas convencionais e automáticas. Atualmente a Epagri/Ciram recebe dados de mais de 365 unidades, que balizam os modelos usados para realização da previsão meteorológica. Vários projetos, já em andamento, devem aumentar esse número em breve.
A intenção de Zampieri é alcançar padrões europeus de monitoramento ambiental. Para tanto esteve na Bavária, no mês de junho, conhecendo aquele que é um dos mais eficientes sistemas de monitoramento ambiental do mundo. São 600 pontos de medição de índice de precipitação, nível de rio e outras variáveis ambientais. Aliado a isso existe uma rede composta por 16 radares que se espalham por todo o território alemão, numa média de um radar a cada 20 mil quilômetros quadrados. Só na Bavária são quatro radares.
Aproximação com a Defesa Civil
Outro avanço importante da Epagri/Ciram nesses 12 meses que sucederam o desastre foi a crescente aproximação com a Defesa Civil. “O evento fortaleceu os vínculos e a credibilidade da Epagri/Ciram junto à Defesa Civil e à sociedade”, explica Laura Rodrigues, coordenadora do setor de meteorologia.
Segundo ela, o grande diferencial foi o estabelecimento de contato direto com as Defesas Civis municipais, sobretudo nos municípios mais vulneráveis, como os da região Sul, Vale do Itajaí e de todo o litoral. Neste mês de dezembro os meteorologistas estarão reunidos com membros da Defesa Civil de Itapema e de 15 municípios da do entorno de Araranguá, com intenção de trocar informações e apresentar as ferramentas que a Epagri/Ciram utiliza para alertar as instituições de riscos iminentes.
Site
O site da Epagri/Ciram (http://ciram.epagri.sc.gov.br) também ganhou destaque nesse último ano, sendo cada vez mais acessado pela população. Foram cerca de 10 milhões de visualizações nos últimos doze meses, de 103 países. A ferramenta “monitoramento on-line”, disponibilizada em setembro, traz em tempo real as variáveis (chuva, temperatura, vento etc) medidas pelas estações automáticas. Em dias de fortes chuvas essa ferramenta chega ser acessada por mais de 57 mil usuários em 24 horas.
GTC
O Grupo Técnico Científico de Prevenção a Catástrofes Naturais em SC (GTC) foi criado pelo governo do Estado em dezembro de 2008 e tem a Epagri/Ciram como uma das coordenadoras técnicas, ao lado da Fapesc. A instituição mobiliza esforços das diversas entidades de pesquisa nacionais, entre elas universidades, que estão propondo e discutindo ações para mitigar e prevenir desastres naturais no território catarinense.
Todos os esforços empreendidos ao longo dos últimos meses são significativos e necessários, uma vez que Santa Catarina é um dos estados do Brasil mais vulneráveis a desastres naturais. Essa característica deve-se tanto à localização do estado quanto a sua peculiar formação geográfica.
(Por Gisele Dias, Ascom Epagri/Ciram, 23/11/2009)