Situada às margens do rio Paraná, Encarnación, terceira cidade mais importante do Paraguai, está sucumbindo ante o avanço das águas do lago artificial da usina de Yacyretá (Paraguai / Argentina). Muros e defesas costeiras, que deveriam proteger a cidade, continuam com o cronograma atrasado.
Mesmo assim, autoridades da binacional fazem caso omisso aos efeitos do dilúvio artificial e ignoram os pedidos para que o lago da usina seja mantido abaixo dos 78 metros acima do nível do mar, até que todos os trabalhos de construção de barreiras e limpeza das áreas inundadas sejam concluídos.
Foi o que denunciou o jornal ABC Color, em reportagem publicada na última sexta-feira (20), com o título “Encarnación nada na fossa, à beira de um desastre”. Conforme a denúncia, Yacyretá já estaria operando com o reservatório à cota 80. Ao término de seu enchimento, previsto para 2011, o lago chegará à cota 83.
Neste sentido, o jornal destaca que “há mais de um ano, o então presidente eleito Fernando Lugo ameaçou com cadeia e varreu autoridades de Yacyretá por elevar o nível do rio Paraná em um metro mais. Um ano e meio depois, seu governo continua subindo a cota, desprezando agudos problemas sociais”.
O ABC Color traz, também, polêmicas declarações do diretor paraguaio de Yacyretá, Carlos Cardozo, afirmando que “ninguém se afogou... só têm um pouco os pés na água”, referindo-se à inundação da zona comercial situada na “Cidade Baixa” de Encarnación, área que será engolida pelo reservatório.
Outra denúncia é que a estação de tratamento de esgoto, concluída há mais de um ano, continua sem funcionar, enquanto trabalhos ambientais básicos, como a limpeza de fossas e a retirada de lixo e detritos das áreas alagadas, não foram realizados pela binacional.
“A inconclusa defesa costeira atualmente serve de depósito de água da chuva estancada. Se a isto se soma que as águas continuam subindo e inundando ladrinas, inodoros e poços cegos sobre os quais não se faz nenhuma cobertura sanitária e se adiciona que a estação de tratamento de águas cloacais está terminada há um ano, mas segue sem funcionar, a cidade é uma bomba a ponto de explodir”, conclui o ABC Color.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski, SopaBrasiguaia.com, 22/11/2009)