O registro da explosão de sábado em uma mina de carvão do nordeste da China subiu para pelo menos 104 mortos, e quatro pessoas permaneciam presas. Foi a pior catástrofe da mineração chinesa nos últimos dois anos.
A explosão que abalou uma mina estatal da Província de Heilongjiang, perto da fronteira russa, deixou 104 mortos, afirmou nesta segunda-feira a agência Nova China. As operações de resgate continuavam na noite deste domingo, constatou uma jornalista da AFP na entrada da mina.
Equipes formadas por cerca de 50 socorristas, cada uma, se revezavam a cada quatro horas para tentar encontrar sobreviventes. "As buscas continuam", declarou Guo Changqing, uma autoridade local, diante da mina.
As operações de resgate estão complicadas, porque os operários trabalhavam em 28 lugares diferentes e a cerca de 500 metros de profundidade quando aconteceu a explosão.
O mais mortífero
Este acidente é um dos mais mortíferos na China, país onde o carvão fornece quase 70% da energia, desde a explosão de gás que matou 105 pessoas numa mina da província de Shanxi em dezembro de 2007.
A mina da cidade de Hegang, onde ocorreu a tragédia de sábado, é uma das mais antigas e maiores da China. Ela produz cerca de 1,45 milhão de toneladas de carvão por ano. Sábado, o balanço da catástrofe era de 42 mortos.
A explosão ocorreu quando 528 operários estavam trabalhando dentro da mina. Segundo a imprensa local, a deflagração foi sentida a 10 km de distância.
"Estávamos nos preparando para subir quando ocorreu a explosão, que projetou pedras e pedaços de vidro em todas as direções", relatou o operário Wang Xingang à emissora China National Radio. "Começamos a correr e a gritar para que todos saiam. Não dava para ver nada por causa da fumaça", contou.
"Estava com um grupo de dez pessoas quando foi dada a ordem de voltar à superfície. Não sei os outros sobreviveram", declarou outro operário, Fu Maofeng, ao jornal East Asia Trade News.
Os operários que estavam mais perto da superfície tinham recebido a ordem de subir devido a níveis de gás considerados elevados nas galerias. A explosão aconteceu na mesma hora em que Fu chegou à superfície.
Cerca de 400 pessoas conseguiram sair antes da explosão, 60 das quais tiveram que ser internadas por problemas respiratórios ou fraturas. "Seis dos feridos estão em estado crítico", destacou à rádio Pan Xiaowen, diretor do hospital geral de Hegang.
Companhia estatal
A mina pertence à companhia estatal Heilongjiang Longway Mining, com sede em Harbin, a capital da província.
Sábado, o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao ordenaram que tudo fosse feito para resgatar os últimos operários. O vice-primeiro-ministro, Zhang Dejiang, se deslocou ao local para supervisionar as operações. Os três principais dirigentes da mina foram demitidos, anunciou a agência CNS.
As minas de carvão chinesas estão entre as mais perigosas do mundo. Mais de 3.200 pessoas morreram no ano passado em acidentes semelhantes, segundo dados oficiais considerados muito aquém da realidade.
Entretanto, segundo Pequim, o número de vítimas de acidentes em minas diminuiu bastante nos últimos anos. De acordo com estatísticas oficiais, 1.888 pessoas morreram entre janeiro e setembro deste ano nas minas de carvão chinesas.
(France Presse / Folha Online, 22/11/2009)