Pelo menos 27 associações de moradores e entidades de classe e instituições ambientalistas articulam-se contra o processo de consolidação de leis que, se aprovadas pelos vereadores de Joinville, confirmariam alterações de alto impacto urbanístico, em prejuízo de qualidade de vida. De um lado, construtoras e imobiliárias; de outro, o grupo que pede cautela no movimento de expansão do adensamento populacional em regiões da cidade, que ainda preservam bolsões de verde e tranquilidade.
O grupo que se une para tentar barrar as mudanças tenta – e não consegue – audiência com o prefeito Carlito Merss. Nesta sexta (20/11), este pessoal (empresária Heleny Meister, arquiteto Marcos Bustamante, Ivo Gramkow e Gert Fischer entre eles) tinham reunião agendada na Brothaus para definir estratégias.
Na segunda-feira, uma carta será entregue a todos os vereadores, com protocolo na presidência da Câmara. Cópia também será mandada ao Ministério Público Estadual. Audiências públicas começam na terça-feira. Na sexta-feira, haverá reunião do Conselho da Cidade.
Tem gente do movimento contra a expansão de prédios que já propõe fazer maquetes eletrônicas e fotos do Centro de Joinville atual, e montagens fotográficas de como ficariam as áreas, se a “libertinagem” do zoneamento for aprovada. Essas imagens comparativas serão distribuídas para a imprensa. A ideia é, também, envolver a Univille e Sociesc, com questionamentos aos vereadores na reunião aberta.
O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e o Sindicato da Habitação (Secovi) afinam ações sobre futuro da ocupação do espaço urbano. Querem um texto completo com as propostas de mudanças de zoneamento. “Isto só deverá acontecer em 2010. Para este ano, não haverá tempo”, avalia Maurício Jauregui, presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon).
O Sinduscon entende como “adequada” a ampliação do perímetro urbano na região Sul, próximo às futuras instalações do campus da Universidade Federal de Santa Catarina. “Esta é uma situação particular, específica. Para lá irá muita gente e é preciso dotar o entorno de infraestrutura. No mais, achamos que o perímetro urbano já está muito grande”.
No discurso do Sinduscon, sensatez: “Somos contra a diminuição de recuos para construir prédios; não adianta pensar só em aumentar espaços para edificar”. Também em relação ao gabarito (altura) dos prédios, há cautela. “Não podemos colocar prédios grandes em locais onde haverá dificuldades de acesso e de infraestrutura, como drenagem, esgoto, por exemplo. Não tem como Joinville ter edifícios de 30 andares”.
O que está em jogo é permitir construção de 18 andares em determinadas regiões próximas ao Centro. Os preços dos imóveis (terrenos) dispararam no ano passado. E continuarão se valorizando.
(Por Claudio Loetz, A Notícia, 21/11/2009)