Mais de 300 mil hectares foram destinados a comunidades quilombolas em decreto assinado nesta sexta (20/11) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Salvador, no Dia da Consciência Negra. A Praça Castro Alves foi o local escolhido para a comemoração. O presidente Lula teve ao seu lado, na solenidade, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. A concessão dos títulos de terra vai beneficiar milhares de famílias quilombolas.
Foram assinados 30 decretos de regularização de territórios quilombolas, num total de 335 mil hectares de terra, distribuídos em 14 estados. Destes, 253 mil vão para os Kalunga, comunidade situada em Goiás. O presidente Lula disse que, das 1400 comunidades quilombolas reconhecidas, 80% já estão em processo de regularização de terras no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Lula disse que, apesar do Brasil ter uma lei que classifica o racismo como crime inafiançável, a realidade é que o problema está na cabeça de muita gente. “Na maioria das fábricas, o negro não é escolhido como chefe de seção”, disse na ocasião. Ele disse que já se sentiu discriminado por ser de origem humilde. “Eu nunca sofri preconceito por ser negro, mas sofri muito preconceito por ser pobre e nordestino”, disse.
O presidente palestino, que falou aos participantes do evento em árabe, tendo a ajuda de um tradutor, disse ter se identificado com a luta dos negros no Brasil. Ele voltou a defender a volta das negociações de paz e atacou Israel, dizendo que os palestinos têm passado por um processo de discriminação, humilhação e ódio. “Olhamos para o dia em que nos livraremos da ocupação, pois essa é uma das piores formas de escravidão”, disse Abbas.
(Por Carina Dourado, com edição de Lana Cristina, Agência Brasil, 21/11/2009)