Desde o inverno, o gaúcho convive com o El Niño, que vem provocando chuvas acima da média no Estado. Conforme meteorologistas, as precipitações não surpreendem, porque sempre vêm na esteira do fenômeno climático formado a partir do aquecimento das águas do Oceano Pacífico
A chuva que castiga o Rio Grande do Sul desde o início do mês de novembro entra para a história da meteorologia no Estado. Faltando 10 dias para terminar o mês, a precipitação em alguns municípios como Bagé e Pelotas já é a maior registrada para esta época do ano. Em Porto Alegre, Santa Maria e São Luiz Gonzaga, os recordes estão prestes a serem batidos. De acordo com o meteorologista Flávio Varone, do 8º Distrito de Meteorologia, embora intensa, as chuvas não surpreendem.
Quatro temporais somente neste mês
O El Niño (aquecimento das águas do Oceano Pacífico), somado à umidade que se origina da Amazônia e avança sobre o Estado, resultou em quatro enxurradas desde o início do mês, inflacionando os índices pluviométricos.
– Embora estejam acima da média, a primavera é uma estação marcada pela chuva. Normalmente, ela é mais intensas no mês de outubro, mas este ano, em razão do El Niño, estão se concentrando em novembro – acrescenta Varone.
Em Bagé, na região da Campanha, tem-se ideia da intensidade das águas. Até ontem pela manhã, havia chovido 440 milímetros desde o dia 1º – quatro vezes mais que a média de novembro no município. Pelotas, no Sul do Estado, choveu 329 milímetros, superando o recorde do município, ocorrido em 1986, quando desabaram 303 milímetros.
Se há consenso entre especialistas em relação à influência do El Niño, o mesmo não ocorre para justificar o que aconteceu ontem no Rio Grande do Sul. Na interpretação de Varone, os estragos são consequencia de um ciclone extratropical.
– Acho que não dá para dizer que a frente fria teve influência no que aconteceu hoje (ontem). Houve tipicamente um ciclone extratropical – define o meteorologista do 8º Distrito.
Para Cassia Beu, da Somar Meteorologia, o vento furioso e a chuva torrencial resultaram dos dois fenômenos associados, que castigaram em especial o Litoral Norte.
– Há influência de uma frente fria, tanto que as temperaturas irão baixar no Estado – pondera Cassia.
(Zero Hora, 20/11/2009)