Lideranças comunitárias de 20 bairros de Porto Alegre estiveram na Câmara Municipal onde lançaram um manifesto para que os moradores fiscalizem os vereadores durante a votação da revisão do Plano Diretor. Eles defendem ajustes como diminuição de alturas das edificações e a instituição de áreas de interesse cultural e ambiental, para preservar características dos bairros e o meio ambiente. O grupo teme que a revisão do Plano Diretor aumente as distorções da lei, se os parlamentares cederem a pressões econômicas.
Lideranças comunitárias de 20 associações de moradores estiveram ontem na Câmara Municipal para chamar a população de Porto Alegre a fiscalizar a votação do projeto de lei de revisão do Plano Diretor de Porto Alegre. Eles querem que durante o processo a população fique atenta às alterações no documento que irá estabelecer as diretrizes para o planejamento da cidade.
Em manifestação no saguão da Câmara Municipal, os representantes leram uma carta direcionada aos moradores da Capital, em que criticam a condução da revisão pelos vereadores e pedem que os cidadãos deem mais atenção ao tema.
O grupo defende ajustes como diminuição de altura e aumento de recuos entre as edificações, e a instituição de áreas de interesse cultural e ambiental, para preservar características dos bairros e o meio ambiente.
Eles entendem que, até aqui, o resultado da revisão está sendo um "engodo democrático", porque "os anseios da população não estão sendo respeitados". Para os representantes da comunidade que assinam a carta, há "um jogo político" na condução do trabalho a fim de beneficiar o "empreendedorismo imobiliário inconsequente".
O trecho final do texto, "Sim ao Plano Diretor da cidadania! Não ao Plano Diretor da especulação!", foi adotado pelos representantes como espécie de bordão.
O grupo pretende acompanhar o trabalho do Legislativo para impedir que as demandas apontadas sejam derrubadas durante a votação. Ontem mesmo, após a manifestação, eles se postaram nas galerias, onde acompanharam o trabalho.
"Encaramos com temor essa votação, porque a vontade dos porto-alegrenses não está sendo atendida", observou João Volino Corrêa, presidente da Associação dos Moradores da Auxiliadora.
Ele acredita que a mobilização pode evitar distorções, visto que as emendas propostas pelo Fórum de Entidades, em sua maioria, foram rejeitadas pelos parlamentares.
Corrêa cita volumetria, venda de índices construtivos e Áreas de Interesse Cultural (AICs) como os principais pontos de conflito entre a população e o Legislativo.
"Estão comprometendo o modelo de sustentabilidade da cidade. Vamos fazer pressão para que atendam ao apelo da população", defendeu.
Na opinião dos ativistas, a preservação das AICs, um dos temas mais polêmicos da discussão, está sendo conduzida de maneira equivocada pelos vereadores.
O representante da ONG Solidariedade e coordenador do Movimento em Defesa da Orla do Guaíba, Eduíno de Mattos, acha que uma possível flexibilização da lei nos casos de projetos especiais em AICs pode trazer prejuízos à população. Essa também é a reclamação da representante do Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vila Conceição e Vila Assunção, Anadir Alba. "Estamos regredindo em relação ao projeto do Executivo, os vereadores estão votando algo pior", opinou.
(Por Fernanda Bastos, JC-RS, 19/11/2009)