Em 2002 a "Responsible Travel" (Viagem Responsável, em tradução literal) se tornou uma das primeiras companhias de viagem a oferecer aos clientes a opção de comprar os chamados créditos de carbono para compensar as emissões dos vôos, que aquecem o planeta.
Mas, em outubro, a Reponsible Travel cancelou o programa dizendo que ainda que ajude os viajantes a se sentir melhor, o programa não resolve o problema das emissões. Na realidade, segundo funcionários da companhia, poderia encorajar algumas pessoas a viajar ou consumir mais.
"Compensar as emissões de carbono se tornou uma espécie de pílula mágica, um cartão de passagem livre", disse Justin Francis, diretor gerente da Responsible Travel. "É sedutor para o consumidor que pensa, 'são US$4 e eu fico carbono-neutro, assim posso voar o quanto eu quiser'".
A compensação, ele argumenta, tem distraído as pessoas de fazer mudanças de comportamento mais significativas, como voar menos.
A compra de compensação busca cancelar as emissões de carbono geradas por atividades como voar ou aquecer edifícios comerciais levando dinheiro a programas que reduzem emissões em outros lugares, como a plantação de árvores na África ou um projeto de energia hidrelétrica no Brasil.
Um passageiro de linha aérea pode pagar voluntariamente entre US$ 5 e US$ 40 para compensar seu vôo, com o preço relacionado à distância que irá percorrer. A compensação tem um papel crescente em tornar as viagens mais ecológicas porque as emissões de gás carbônico dos aviões estão crescendo tão depressa e não há nenhuma mudança tecnológica que drasticamente mudaria isso.
Na América, muitos hotéis e linhas aéreas abraçaram tal programa nos últimos anos. Globalmente, programas de compensação se tornaram uma indústria multimilionária.
Mas tem sido difícil monitorar ou quantificar o potencial de redução das emissões dos milhares projetos verdes financiados pelos pagamentos de clientes e não há nenhum padrão para a indústria.
Alguns especialistas em emissões analisaram e rejeitaram a compensação de viagens aéreas. E alguns peritos dizem que as emissões de viagens aéreas são simplesmente tão grandes que pode ser impossível compensá-las.
"Comprar compensações é uma ideia agradável, como dar dinheiro a uma cozinha de sopa é uma idéia agradável, mas não acaba com a fome mundial", disse Anja Kollmuss, cientista do Instituto Estocolmo do Meio-Ambiente, baseado em uma filial da Universidade Tufts.
"Comprar compensações não resolverá o problema, porque voar ao redor do modo como nós fazemos é simplesmente insustentável", disse Kollmuss, que pesquisou as compensações de companhias aéreas.
(The New York Times / Último Segundo, 18/11/2009)