A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou nesta terça-feira (17/11) que a Alemanha continua apoiando objetivos ambiciosos na Conferência do Clima de Copenhague , entre 7 e 18 de dezembro. Ela também declarou que um acordo vinculante – com metas compulsórias de redução de gases causadores do efeito estufa – não pode ser adiado para sempre. "Vamos deixar muito claro que nós continuamos apoiando objetivos ambiciosos em Copenhague. Devemos fazer tudo para assegurar que caminhamos rapidamente para obter um acordo vinculante. Ainda que não possa ser alcançado em Copenhague, não pode ser adiado para sempre”, declarou a chefe de governo alemã.
Trata-se de mais uma tentativa europeia de mostrar liderança ambiental em um contexto em que todos concordam que o problema é grave, mas ninguém se dispõe a implementar ações práticas para lidar com ele.
O primeiro grande gesto europeu foi dado no dia 12 de dezembro do ano passado, mesmo dia em que se encaminhava para o encerramento a 14ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 14), em Poznan, Polônia. Naquele dia, em Bruxelas, os 27 chefes de Estado e de governo presentes à reunião de Cúpula do Conselho Europeu homologaram por unanimidade o plano 3x20 – 20% de corte de emissões de gases-estufa, 20% de economia de energia e 20% de uso de energias renováveis em 2020, tudo em comparação com 1990.
Mas já naquele momento ficou evidente a grande dificuldade da União Europeia para de fato fazer a diferença nas negociações climáticas. Só saiu decisão depois de concessões a países do Leste Europeu, que ficaram com metas mais flexíveis e levaram subsídios na aquisição de créditos de carbono. As maiores economias, como França, Reino Unido e Alemanha, comprometeram-se a compensar as emissões extras dos parceiros.
O comissário europeu de Meio Ambiente na ocasião, Stavros Dimas, também já delineava ali a carta da UE para a COP 15. “A UE propõe 20% ou até 30% de redução até 2020. Isso é o que esperamos de outros países desenvolvidos”, afirmou. Essa é a proposta europeia consolidada para a conferência em Copenhague. Se outros países assumirem compromissos, a UE banca um aumento de sua própria meta unilateral dos 20% definidos há quase um ano para 30%.
Os líderes europeus têm sido os únicos, também, a falar em dinheiro para financiar as adaptações necessárias às mudanças no clima. No fim do mês passado, eles concordaram em defender uma "contribuição pública internacional" de US$ 32 bilhões a US$ 75 bilhões anuais até 2020 para financiar o combate ao aquecimento global nos países em desenvolvimento. Outra vez, no entanto, na hora de definir qual seria o desembolso europeu, jogaram a decisão para Copenhague. A Comissão Europeia, braço executivo do bloco, esperava fixar a contribuição em até US$ 22 bilhões.
Mais uma vez a oposição veio de países do Leste Europeu, que se recusam a financiar medidas em outros países que eles próprios ainda não têm condições de adotar. A posição do ministro polonês de Assuntos Europeus, Mikolaj Dowgielewicz, resumia à perfeição as razões da resistência. "Em um país como a Polônia, temos uma margem muito limitada para reduzir as emissões até 2020. Não queremos nos converter em um museu do folclore do Leste Europeu. Queremos nos desenvolver rapidamente."
‘Efeito operacional imediato’ - O presidente americano Barack Obama, em visita à China, declarou nesta terça-feira que as negociações para enfrentar o aquecimento global, no mês que vem em Copenhague, capital da Dinamarca, devem chegar a um novo acordo com “efeito operacional imediato”, ainda que o objetivo original de um pacto com efeito jurídico vinculante (ou seja, um tratado, com metas compulsórias) esteja fora do alcance. "Nosso objetivo lá... não é um acordo parcial ou uma declaração política, mas sim um acordo que cubra todas as questões presentes nas negociações e um que tenha efeito operacional imediato", disse Obama sobre as negociações em Copenhague. O presidente americano não especificou o que seria um acordo com efeito operacional imediato.
EUA e China respondem juntos por 40% das emissões mundiais de gases causadores do efeito estufa, principalmente dióxido de carbono (CO2) emitido pela queima de combustíveis fósseis.
A legislação sobre energia limpa dos Estados Unidos está em debate no Senado . Avalia-se que a Conferência do Clima não tem condição de decidir muita coisa se o Congresso dos EUA não tiver resolvido se aprova ou rejeita o projeto de lei.
(G1 / AmbienteBrasil, 18/11/2009)