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plano climático cop/unfccc emissões de co2
2009-11-18

Depois de descartarem tratado climático, líderes dos dois países pedem acordo com números em Copenhague

Estados Unidos e China mudaram ontem o discurso e deram novo impulso à Conferência do Clima das Nações Unidas, que será em Copenhague, no mês que vem. Reunidos em Pequim, os presidentes Barack Obama e Hu Jintao divulgaram uma declaração conjunta em que dizem que os países desenvolvidos devem apresentar metas de redução de CO2 na atmosfera. No domingo, líderes mundiais haviam afirmado que nada de concreto sairia até 2010.

No entanto, o texto não fala literalmente que EUA e China teriam suas metas próprias. O documento avança também na questão do financiamento, afirmando que deve haver "uma ajuda financeira às nações em desenvolvimento e ações para a preservação de florestas e de apoio aos países pobres e vulneráveis no processo de adaptação à mudança climática".

Depois de se reunir com o líder chinês por duas horas, Obama afirmou que os dois lados concordaram em trabalhar para "um resultado positivo" em Copenhague. "Nosso objetivo não é um acordo parcial ou uma declaração política, mas um tratado que cubra todos os temas que estão em negociação e tenha efeito operacional imediato", disse o presidente americano, em coletiva de imprensa.

No domingo, havia sido divulgado que os líderes da Ásia, Europa e EUA acreditavam apenas que poderia ser fechado justamente um acordo "politicamente vinculante", ou seja, um compromisso político de que algo seria feito no futuro. Mesmo assim, o presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff declararam anteontem que ainda tinham esperança em um acordo. Ontem, Obama afirmou que o compromisso "seria um passo importante no esforço de reunir o mundo em torno da solução para o desafio climático".

As emissões de CO2 são as maiores causadoras do efeito estufa, que leva ao aquecimento global. A reunião de Copenhague foi marcada para que o mundo decidisse sobre uma segunda fase do Protocolo de Kyoto. No primeiro período do compromisso, foi definido que os países ricos reduziriam em 5% suas emissões. Os países pobres não tinham metas. Na Conferência do Clima de Bali, em 2007, foi decidido que o novo tratado climático mundial deveria ser definido em Copenhague. O documento americano/chinês faz referência à essa decisão de Bali, dizendo, mais uma vez, que ela deve ser cumprida.

Obama tem afirmado nos últimos dias que será impossível enfrentar o problema sem o entendimento e a colaboração entre Estados Unidos e China, que, juntos, respondem por cerca de 40% das emissões globais. Segundo ele, a negociação teria duas fases - o detalhamento legal dos compromissos seria feito posteriormente.

Ao lado de Obama, Jintao ressaltou que o acordo de Copenhague deve ser construído com base no princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada. Isso quer dizer que países desenvolvidos e em desenvolvimento devem assumir obrigações distintas. Estados Unidos e China propõem ainda total transparência na implantação das medidas de mitigação e redução das emissões.

As questões relacionadas à mudança climática, ao consumo de energia e ao desenvolvimento de energia limpa ocuparam a maior parte da declaração conjunta dos dois países, que competem globalmente por fontes de petróleo e gás. Estados Unidos e China são os maiores consumidores de energia do planeta e consideram estratégico reduzir sua dependência de combustíveis fósseis - e do instável Oriente Médio.

"Os dois lados concordaram que a transição para uma economia verde e de baixo consumo de carbono é essencial e que a indústria de energia limpa vai proporcionar o aumento de oportunidades para os cidadãos de ambos os países nos próximos anos", diz o documento.

As linhas gerais da cooperação na área energética já haviam sido definidas em julho, na qual os dois países aprovaram uma cooperação em mudança climática, energia e meio ambiente. Ontem, os presidentes criaram mecanismos e instituições previstas no acordo, como um Centro de Pesquisa em Energia Limpa, que terá engenheiros norte-americanos e chineses e fará estudos sobre eficiência energética em edifícios, carvão limpo e veículos que usam fontes limpas de energia.

(Por Cláudia Trevisan, Estadao.com.br, 18/11/2009)


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