Segundo o órgão, curto-circuito foi causado por "descarga atmosférica" ou redução da capacidade para suportar a tensão. De acordo com diretor-geral do ONS, evento foi atípico e não será possível dizer com exatidão causas do blecaute que afetou 18 Estados
O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, afirmou nesta terça (17/11) que não será possível determinar com exatidão as causas do blecaute que atingiu 18 Estados. Ele disse que há duas hipóteses em avaliação, ambas relacionadas a "condições climáticas adversas".
O curto-circuito que determinou o blecaute foi causado por uma descarga elétrica com duas origens possíveis, diz Chipp. A primeira teria sido uma "descarga atmosférica". A segunda seria a redução da capacidade técnica dos equipamentos em suportar a tensão por estarem molhados.
"Determinar se houve descarga ou curto-circuito devido à sobretensão não é possível." A descarga desligou inicialmente uma das três linhas de transmissão entre as subestações de Ivaiporã (PR) e Itaberá. Em seguida, uma linha paralela, no mesmo trecho, também foi apagada e, logo depois, uma linha em Mogi das Cruzes (SP). As duas últimas linhas foram desligadas pela menor capacidade para suportar a sobrecarga do desligamento da primeira, devido à chuva, diz o ONS.
"Trata-se de um evento atípico e imprevisível. O fato de o primeiro curto-circuito ter sido muito próximo à subestação favoreceu a propagação para outras linhas, sem tempo de a primeira se restabelecer", disse.
Outra possibilidade é a de falha na comunicação sobre o mau tempo entre o Simepar, instituto de meteorologia da Universidade do Paraná, e o ONS. Chipp diz que não houve essa comunicação, mas que não entende o fato como falha. Esse questionamento surgiu porque, nove horas antes do apagão, um aviso de condições climáticas adversas havia levado o ONS a mandar baixar a geração de Itaipu e proteger as linhas de transmissão em caso de curto-circuito causado por possível descarga elétrica -o que, de fato, ocorreu, às 13h31.
Era de se esperar, portanto, que um alerta semelhante, emitido antes do apagão das 22h13, pudesse levar o ONS, da mesma forma, a tomar medidas para reduzir a tensão. Segundo Chipp, nenhum sistema elétrico do mundo está livre de uma condição adversa. O ONS avaliará se há medidas a serem tomadas e as sugerirá ao governo. "Construir um sistema de transmissão paralelo, porém, é algo antieconômico", afirma Chipp.
(Por Samantha Lima, Folha de S. Paulo, 18/11/2009)