Ao concluir o mapeamento topográfico da Caverna de Trapiá, uma equipe de analistas ambientais do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), chegou a uma constatação: com seus 2.302 metros de projeção horizontal e 2.330 metros de desenvolvimento linear, a Trapiá é a maior gruta do Rio Grande do Norte e uma das maiores do Brasil.
Só para se ter uma ideia, o seu tamanho corresponde a mais de três vezes o da segunda maior caverna do estado, que tem 730 metros, e ultrapassa o de uma das maiores grutas do Nordeste, a Ubajara, que fica no Parque Nacional de Ubajara, no Ceará, e tem, segundo o Cecav, 2.200 metros. O seu perfil, conforme disse o analista ambiental Diego de Medeiros Bento, difere totalmente do padrão das cavernas da região que têm, em média, entre 100 e 500 metros.
Mas a grandeza da gruta não está restrita a seu tamanho. O professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e um dos espeleólogos pioneiros das cavernas do Rio Grande do Norte, Francisco da Cruz, que pretende desenvolver pesquisas de geocronologia na Caverna do Trapiá, disse que ela é a maior caverna do Brasil em rochas do Cretáceo (período geológico que vai de 144 a 65 milhões de anos atrás). Nesse período, explica o analista Bento, formou-se o calcário da Bacia Potiguar, uma região com grande ocorrência desse mineral entre o Rio Grande do Norte e o Ceará.
O Rio Grande do Norte já é conhecido pela grande quantidade de cavernas. Com essa descoberta, passa agora a compor o rol das regiões com grutas de grande porte. “Há, hoje, cadastradas em base de dados do Cecav, 323 cavernas. Contudo, a maioria delas é muito inferior em tamanho às grandes cavernas de Minas Gerais, São Paulo e Bahia, por exemplo. A Caverna do Trapiá coloca o Rio Grande do Norte entre os estados da Federação com cavernas grandes e levanta a possibilidade de novas descobertas”, disse Bento.
(Por Carla Lisboa, Ascom ICMBio, 16/11/2009)