Ufopa será a primeira federal com sede no interior da Amazônia. Universidade terá unidades para o estudo da água e da biodiversidade
A cidade de Santarém, no oeste do Pará, já tem faculdades particulares, além de unidades da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e da Universidade Federal do Pará (UFPA). A partir de 2010, começa a funcionar também a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Com isso, o município passa a abrigar primeira universidade federal com sede no interior da Amazônia.
A Ufopa nasce com o potencial de se tornar um centro formador de profissionais especializados em meio ambiente. Segundo Maria Paula Dallari Bucci, secretária de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), serão criados pelo menos 30 novos cursos, que vão ser ministrados em cinco unidades.
Entre as unidades, pelo menos três oferecem especializações em temas fundamentais para o meio ambiente: “Biodiversidade e florestas”, “Ciências e tecnologias das águas” e “Engenharias e geociências”. A secretária explica que o tema “Ciências e tecnologias das águas” é um projeto inovador no país. Entre os novos cursos oferecidos nessa unidade, estão "Biologia da água doce e vegetal" e "Saneamento ambiental".
“A Ufopa tem um projeto pedagógico muito bem estruturado e a vocação clara de ser voltada para o meio ambiente. A universidade foi feito sob encomenda para a Amazônia”, diz. Além da sede, em Santarém, a Ufopa terá campus nas cidades paraenses de Óbidos, Oriximiná, Itaituba e Alenquer. Maria Paula acredita que o projeto vai atender não apenas a demanda regional, como deve receber alunos de outras regiões do Brasil e de outros países.
A princípio, a universidade vai absorver 2 mil alunos que já estudam nos campus da UFRA e da UFPA em Santarém. Ao todo, ela terá a capacidade para receber 10 mil estudantes. A secretária informa que 39 novos cursos devem começar em agosto de 2010, sendo 30 licenciaturas e nove bacharelados. “São muitas licenciaturas, pois foi feito um mapeamento pelo MEC e observou-se que há uma carência de professores para atuarem principalmente na área da ciência”, explica.
De acordo com a secretária, as unidades da Ufopa também terão laboratórios que vão oferecer infraestrutura para o desenvolvimento de pesquisas. O objetivo é ser um polo de produção de conhecimento dentro da Amazônia.
Polêmica
Antes de começar a funcionar, a Ufopa já levanta críticas por parte do movimento “A universidade que nós queremos”, formado por representantes de sindicatos e da União dos Estudantes de Santarém. Eles alegam que a universidade tem o objetivo de formar mão de obra para grandes empresas que estão se instalando na região, em vez de produzir conhecimento focado em Amazônia.
“Quando você analisa os cursos de engenharia oferecidos pela Ufopa, todos querem atender às grandes empresas. Nós queremos uma universidade que forme profissionais especializados em Amazônia. As novidades que eles inventaram não satisfazem nossas necessidades”, diz o padre Edilberto Sena, membro do movimento.
(Por Mariana Fontes, Globo Amazônia, 15/11/2009)