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Greenpeace plano climático
2009-11-17

Kumi Naidoo, um sul-africano que combateu o apartheid quando jovem e liderou campanhas globais pelo fim da pobreza e em prol dos direitos humanos, assumiu na segunda-feira (16/11) como o novo chefe internacional do Greenpeace. A entidade estará presente quando negociadores se reunirem em Copenhague, no mês que vem, para tentar estabelecer um acordo sobre o corte de emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. Naidoo notou que há duas opções claras pela frente: ou uma mudança de posição, onde todos passem a combater o aquecimento global, ou "o mundo irá afundar".

Líderes mundiais disseram no domingo (15/11) que não é realista esperar um acordo internacional, com força de lei, no encontro em Copenhague. Agora, eles falam em um acordo-quadro, que servirá de estrutura para um pacto completo em um próximo encontro, que deve ocorrer no ano que vem na Cidade do México.

"Qualquer coisa que não seja um tratado com força de lei em Copenhague deve ser lido como um fracasso de liderança no lado da classe política", afirmou na segunda-feira Naidoo. "Nós não podemos mudar a ciência, ela é clara. Nós temos que mudar a política. Se não podemos mudar a política, temos que concentrar nossas energias para mudar os políticos." Em entrevista na quinta-feira, ele já havia enfatizado o problema das mudanças climáticas. "Se todo o planeta está sob ameaça, qual o sentido de não abordar isso e dizer que faremos outro trabalho de desenvolvimento?"

Marco - Naidoo sucederá Gerd Leipold na liderança do Greenpeace. Leipold disse que a ascensão do sul-africano representa um marco na organização ambientalista, fundada nos anos 1970, nos Estados Unidos, para protestar contra os testes nucleares do país. Naidoo é o primeiro africano a comandar a entidade - e o primeiro vindo de fora dela.

As nações pobres, particularmente na África, devem ser as mais atingidas pela mudança climática, ainda que tenham contribuído menos para o problema. Naidoo acredita que as nações ricas precisam mudar suas matrizes energéticas e também investir para que as nações pobres cooperem com a redução do aquecimento global.

Naidoo participou de protestos estudantis contra o apartheid quando tinha apenas 15 anos. Aos 16, foi expulso da escola. Ele completou o ensino médio estudando em casa e obteve um diploma em Direito em uma universidade da África do Sul. Posteriormente, conseguiu um doutorado em Sociologia Política pela Universidade Oxford.

Com a libertação de Nelson Mandela em 1990, após 27 anos de prisão, Naidoo voltou ao país, onde militou pelo Congresso Nacional Africano e por grupos contrários ao apartheid. Com o fim do regime segregacionista, em 1994, passou a combater a violência contra as mulheres e promover a educação para adultos.

Agora, Naidoo nota que o Greenpeace está comprometido com o diálogo, mas sabe quando protestar. "Os governos, infelizmente, dificilmente mudam tão rápido quanto precisamos, a menos que sejam pressionados."

(Estadao.com.br / AmbienteBrasil, 17/11/2009)


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