Depois de dizer que caso estava encerrado, ministro cria comitê
Depois de declarar encerrada a questão do apagão da semana passada, o ministro de Minas e Energia afirmou nesta segunda (16/11) que quer ouvir os especialistas que, nos jornais, vêm apresentando críticas e soluções para evitar a repetição do problema. Segundo ele, a tarefa de debater o tema com a sociedade civil será de um grupo de trabalho que foi criado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para avaliar as condições do setor elétrico.
"Na inteligência de cada brasileiro haverá de ter um laboratório em estágio letárgico pronto a explodir em pétalas de solução", disse Lobão, em palestra na abertura da conferência Brazil Global Energy, no Rio. Embora tenha voltado a elogiar a "robustez" do sistema de transmissão, o ministro afirmou que o grupo de trabalho vai estudar "meios e modos para melhorar o sistema".
"Não queremos ter o monopólio das soluções", declarou. "Quem sabe dali (do grupo de trabalho) sairá uma solução." As declarações sobre o apagão foram feitas de improviso, depois de o ministro ter lido um discurso sobre o futuro do setor elétrico brasileiro - no qual defendeu a expansão da energia nuclear e criticou as restrições ambientais para a construção de usinas hidrelétricas, além dos elogios à segurança da rede de transmissão.
Ele não descartou o uso de térmicas para melhorar as condições de operação do sistema, conforme sugestão de especialistas. Hoje, o sistema privilegia a operação de usinas mais baratas e, no horário do apagão, Itaipu gerava a carga total, com grande peso no abastecimento nacional. O uso de térmicas, porém, pode encarecer o custo da energia. Qualquer decisão, porém, sairá apenas após os debates do grupo de trabalho.
Na semana passada, o ministro chegou a dizer que o assunto apagão estava encerrado, mas ontem esclareceu que considerava encerradas apenas as etapas de restabelecimento da energia e de identificação das causas do problema - o governo culpa as condições atmosféricas na região das linhas de Itaipu na noite do apagão.
(Por Nicola Pamplona, O Estado de S. Paulo, 17/11/2009)