O presidente Barack Obama assumiu o cargo prometendo acabar com oito anos de inércia em relação à mudança climática, colocados em prática pelo ex-presidente George W. Bush, e durante todo o ano ele prometeu que os Estados Unidos liderariam um acordo global em Copenhague no próximo mês para lidar com o aquecimento do planeta.
Mas neste fim de semana, em Cingapura, Obama foi forçado a reconhecer que um amplo acordo para o clima está fora do alcance este ano. Ao invés disso, ele e outros líderes mundiais concordaram que irão trabalhar para chegar a um acordo interino mais modesto, com a promessa de renovar os esforços para que se chegue a um acordo completo no próximo ano.
Esta confissão coloca Obama na incômoda posição de ser, pelo menos por enquanto, incapaz de liderar os esforços internacionais para combater o aquecimento global, da mesma forma que seu antecessor - ainda que por razões diferentes.
No caso de Bush, ele permaneceu descrente sobre a ciência que determinou o aquecimento global até quase o fim de sua presidência e indeciso sobre a necessidade de uma ação global combinada. E sua relutância foi ecoada por um Congresso que queria ver compromissos claros de países em desenvolvimento como a China.
Mas Obama sempre defendeu regulamentos para a mudança de clima. Ele agiu unilateralmente para limitar a emissão de gases causadores do efeito estufa de veículos e fontes grandes como as usinas termoelétricas.
Além disso, nos últimos meses, China, Índia, Brasil e alguns outros países em desenvolvimento prometeram reduzir a velocidade do aumento de suas emissões, embora saibam que um tratado que obrigue que tais promessas sejam cumpridas não estará em vigor nos próximos anos. Ainda assim, Obama se vê limitado em suas ambições por um Congresso que está pouco disposto a ir tão longe ou agir tão rapidamente quanto ele gostaria.
Negociadores americanos não podem agir nos debates que conduzem à conferência de Copenhague por causa da inércia na criação de leis defendidas por esta gestão que criariam limites para as emissões de dióxido de carbono.
A Câmara aprovou uma lei relativamente rígida em junho, mas o Senado não deve dar início a um debate sério até o próximo ano. "Este impasse é culpa dos Estados Unidos? Claro. Mas outros países também têm culpa", disse Dan Becker, diretor da Campanha Clima Seguro em Washington, citando a oposição de indústrias poluentes e a relutância das economias em desenvolvimento em se comprometer com um meio termo em relação aos cortes nas emissões.
"Nós temos a obrigação e a capacidade de liderar neste assunto. Quanto mais atrasarmos isso, mais extremas terão que ser as medidas".
(The New York Times / Último Segundo, 16/11/2009)