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derretimento das geleiras Groenlândia aumento do nível do mar
2009-11-16

Todo mundo sabe que a camada de gelo da Groenlândia está derretendo. Mas nova pesquisa mostra que ela está desaparecendo mais rapidamente do que se imaginava. Os resultados poderiam significar que o nível dos oceanos também está aumentando mais rapidamente.

As dimensões deste gigante gelado vão além da imaginação humana. Com uma área de superfície que se estende por cerca de 17 milhões de quilômetros quadrados, uma visão do gelo da Groenlândia do alto da geleira Sermeq-Kujalleq, perto de Ilulisat, faz com que ele parece interminável. A ideia de que esta camada de gelo, com até três quilômetros de espessura em algumas partes, está derretendo parece extremamente absurda.

Mas o grande número de icebergs gigantes -e o vale para o qual estão lentamente deslizando- contam uma história diferente. Aqui, como em outras partes da Groenlândia, uma transformação gigantesca está em andamento. Quão rapidamente o gelo da Groenlândia está derretendo permanece tema de certo debate, mas o derretimento do gelo está contribuindo para a elevação do nível dos oceanos -com consequências potencialmente dramáticas para milhões de pessoas ao redor do globo.

Caso a Groenlândia perca todo seu gelo, o nível dos mares sofreria uma elevação de cerca de 7 metros acima dos níveis atuais. Esse cenário não se tornaria realidade da noite para o dia -de fato, o processo poderia durar centenas de anos. Mas novos resultados de uma equipe de pesquisadores holandeses sugerem que estimativas conservadoras para a velocidade com que o gelo está derretendo devem ser descartadas. Segundo o estudo, a taxa com que o gelo da Groenlândia está derretendo acelerou substancialmente nos últimos anos.

Há, estritamente falando, dois processos paralelos responsáveis pelo recuo do gelo. Por um lado, a elevação das temperaturas derrete o gelo na terra enquanto as correntes oceânicas mais quentes devoram as geleiras, que se desprendem no oceano. Uma equipe de pesquisa liderada por Michiel van den Broeke, da Universidade de Utrecht, relatou na mais recente edição da revista "Science" que os dois processos estão contribuindo igualmente para o desaparecimento da camada de gelo.

Perdendo peso
Segundo o novo relatório, a Groenlândia perdeu cerca de 1.500 gigatoneladas (uma gigatonelada é igual a 1 bilhão de toneladas) de gelo do ano 2000 a 2008. "Este é o limite superior das recentes estimativas para perda de massa da Groenlândia usando vários outros métodos", disse Van den Broeke para a "Spiegel Online". Entre 2006 e 2008, a perda de peso totalizou 273 gigatoneladas por ano, ele disse.

Os cientistas estão convencidos de que seus resultados são precisos porque chegaram aos números usando dois métodos fundamentalmente diferentes -e ambos apresentaram a mesma conclusão. Por um lado, eles monitoraram o movimento do gelo, que inseriram em um modelo por computador regional. Para uma segunda fonte de dados, eles usaram os satélites de observação Grace, que medem o campo gravitacional da Terra.

No período entre 2000 e 2008, o encolhimento das geleiras foi responsável pela elevação do nível dos mares a uma média de cerca de meio milímetro por ano. Mas, durante os últimos três anos de observação, o valor subiu para 0,75 milímetro por ano. Segundo os pesquisadores, esses resultados poderiam indicar que a camada de gelo está derretendo a uma taxa acelerada.

Chegando a um consenso
É possível, é claro, que o período de observação represente apenas uma fase no derretimento em andamento -uma fase que pode acabar. Mas Van den Broeke não acredita que seja o caso: "Desde 2000, a camada de gelo da Groenlândia vem perdendo massa continuamente e a uma taxa acelerada, que se encaixa em nosso quadro de um mundo em aquecimento".

"A comunidade científica está se aproximando de chegar a um consenso quanto ao tamanho da perda de massa da camada de gelo da Groenlândia", disse o glaciólogo-chefe da Dinamarca, Andrea Peter Ahlstrøm, à "Spiegel Online". Ele elogiou o recente estudo e os cientistas envolvidos: "É de fato uma forte equipe de autores, levando à credibilidade dos resultados". Do ponto de vista de Ahlstrøm, esses resultados recentes também provarão ser úteis para o próximo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) da ONU, já que permitirão aos cientistas descrever a situação da Groenlândia com maior precisão. Em um relatório de 2007, o IPCC ainda não tinha previsões precisas para o destino da camada de gelo gigante, porque os cientistas envolvidos não conseguiam chegar a um acordo.

Mas muito mudou desde então. Neste ano, pesquisadores britânicos conseguiram indicar onde o gelo estava desaparecendo mais rapidamente usando dados do altímetro a laser do satélite IceSat da Nasa. Uma equipe de cientistas liderada por David Vaughan, do Levantamento Antártico Britânico, reuniu um total de 7 milhões de elementos de dados de fevereiro de 2003 a novembro de 2007, resultando em uma imagem de clareza sem precedente. Quase todas as regiões costeiras cobertas de gelo da Groenlândia -em particular aquelas no sudeste e noroeste- exibiram gelo derretendo rapidamente. Os cientistas notaram em particular o efeito dramático nas geleiras que se movem velozmente. Alguns desses efeitos também são sentidos no interior distante.

'Nos dê um pouco mais de tempo'
Uma equipe de pesquisa no navio Arctic Sunrise do Greenpeace, incluindo, entre outros, Gordon Hamilton, da Universidade do Maine, e Fiammo Straneo, do Instituto Oceanográfico Woods Hole, relatou neste ano que a água incomumente quente nos fjords da Groenlândia é culpada pelo rápido recuo das geleiras.

Van den Broeke e seus colegas acreditam que não apenas o gelo desaparecerá em uma taxa mais rápida, mas que a natureza do processo também mudará com o tempo. Segundo os pesquisadores, o rápido recuo das geleiras será menos importante no futuro, em comparação ao derretimento direto. No final, as geleiras terão recuado tanto que as correntes quentes do mar não mais as alcançarão.

Ainda não está claro quando isso poderá acontecer -nem está claro o quanto os níveis dos mares poderão se elevar no futuro."Nós usaremos o mesmo modelo para prever futura perda de massa da Groenlândia, mas nos dê um pouco mais de tempo para chegarmos aos resultados", disse Van den Boeke. Para isso, a União Europeia lançou no ano passado um grande projeto de pesquisa chamado "Ice2Sea".

Os pesquisadores consideram esses novos resultados como sendo um importante sinal para o encontro de cúpula sobre o clima, em dezembro. Muitos observadores não esperam que o encontro resulte em um acordo climático particularmente ambicioso -para descontentamento de Van den Broeke: "Todos os sinais estão apontando para uma contínua perda de massa da Groenlândia a taxas que não considerávamos possíveis há dez anos. É certamente algo a ser considerado por um autor de políticas, eu diria."

(Por Christoph Seidler*, Der Spiegel / UOL, 16/11/2009)

*Tradução: George El Khouri Andolfato


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