A Polícia Civil de Paranhos confirmou nesta quarta-feira (11/11) que o corpo encontrado no sábado (07/11) é do professor Guarani Kaiowá, Genivaldo Verá, morto após uma emboscada de pistoleiros da fazenda São Luiz contra a comunidade da aldeia Pirajuí, que retomava sua terra tradicional.
De acordo com a polícia, após os depoimentos que incluíam o do pai do indígena, Bernardo Verá, houve a confirmação após a verificação das fotos do corpo, de que realmente pertencia a Genivaldo. A Polícia Civil aguarda a prova cientifica que está sendo elaborada pelo IML (Instituto Médico Legal), em Campo Grande.
Com o laudo, além da confirmação da identidade do indígena, o laudo apontará as causas da morte. Genivaldo tinha duas perfurações no corpo quando foi encontrado preso a um galho de árvore, no córrego Ypoi, distante 30 quilômetros de Paranhos. O delegado, Walter Guelssi, responsável pelas investigações, afirmou que o trabalho de buscas de Rolindo Vera, outro professor indígena desaparecido, continuará.
O desterro
Os dois professores indígenas Guarani Kaiowá, Riolindo Verá e Genival Verá, estão desaparecidos desde a madrugada de 31 de outubro depois que um grupo de pistoleiros expulsou a tiros 25 pessoas que retomavam a Fazenda Triunfo. A área indígena Po`i Kuê, ocupada hoje pela fazenda Triunfo, fica no município de Paranhos na fronteira com o Paraguai e é reivindica pelos indígenas. "Essa é a nossa terra, faz 40 anos que a gente foi expulso de lá. Eu nasci lá e fui expulso de pequeneninho", explica Verá.
Os Guarani Kaiowá haviam entrado na área quinta-feira (dia 29). "Nós não entramos para brigar com ninguém, íamos começar a fazer a perícia para ver onde estão os nossos mortos por lá", conta o cacique Irineu Verá. Depois da expulsão, muitas pessoas voltaram feridas para a aldeia de origem, Pirajuí, onde segundo a Funai 3000 pessoas vivem 2.118 hectares. A Polícia Federal foi a fazendo em busca dos professores.
Vivendo uma realidade de violenta repressão por parte dos fazendeiros e negação de seus direitos por parte do Estado, os Guarani Kaiowá aguardam há dois anos pelo início do cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta assinado pelo Ministério Público Federal, Ministério da Justiça e Funai para a demarcação de seu território.
O processo foi paralisado depois que o governador do Estado do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, pressionou o governo federal e as equipes de demarcação da Funai foram perseguidas e ameaçadas fisicamente pelos fazendeiros da região.
(Por Cristiano Navarro, Brasil de Fato, 12/11/2009)