Para salvar o mundo, não se fie em tecnologias revolucionárias. Primeiro porque elas não surgem de uma hora para outra --e o planeta tem pressa. Segundo porque são caras.
Os Estados Unidos poderiam reduzir as suas emissões de CO2 em 7% apenas aumentando a eficiência energéticas no consumo doméstico, que inclui casas e carros. Quem diz é Thomas Dietz, ecólogo da Universidade do Estado de Michigan.
Pode parecer pouco, mas isso é o mesmo que todas as emissões da França. Se as residências dos EUA fossem uma nação, ela emitiria mais CO2 do que todas as outras, exceto a China.
Pensando nisso, as propostas de Dietz, publicadas no mês passado no periódico "PNAS", passam por trocar modelos antigos de ar condicionado, utilizar carros menos beberrões e adotar atitudes como botar a roupa para secar ao sol.
Cortar CO2 residencial não é uma ideia nova. "O plano do Reino Unido, por exemplo, tem toda uma parte relacionada às casas, ao usuário final", diz o economista José Eli da Veiga, da USP.
Emitindo espero
Dietz e seus colegas, porém, evitam ir fundo quando surge a questão principal: como fazer com que as pessoas colaborem. Falam em "incentivos financeiros" e em "campanhas na mídia", mas evitam sugerir regulamentação governamental, leis.
"Ao mesmo tempo em que não se pode subestimar os movimentos que vêm da sociedade, o governo não pode ficar esperando que cada um tome a iniciativa", diz Veiga.
Além disso, Veiga pensa que reduções de consumo em casas não podem servir como justificativa para esquecer as indústrias e outros setores. "Não pode ser só uma coisa ou outra."
(Por Ricardo Mioto, Folha de S. Paulo, 12/11/2009)