Baseada em estudo da OMS, Anvisa proibiu a operação de máquinas para evitar o risco de câncer
A proibição do uso das câmaras de bronzeamento artificial para fins de embelezamento, anunciada ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pegou de surpresa donos de estéticas no Rio Grande do Sul. Insatisfeitos com a determinação, que conta com o apoio de dermatologistas, alguns ainda não sabem que destino dar aos equipamentos e, às vésperas do verão, procuram alternativas para satisfazer os clientes na busca pelo bronzeado perfeito.
A decisão da Anvisa, cuja única exceção é a utilização das câmaras no tratamento de doenças – como vitiligo e psoríase –, teve como base os resultados de um estudo da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (Iarc). Vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), a entidade alertou para a elevação do risco de se contrair câncer em função da exposição à radiação ultravioleta.
A fiscalização da nova regra será feita da mesma forma como ocorre hoje – pelos agentes de vigilância sanitária locais. A multa pelo descumprimento da regulamentação varia de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. A clínica poderá ser interditada.
Publicada ontem no Diário Oficial da União, a resolução foi bem recebida no meio médico. Há anos, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Estado, Gustavo Pinto Corrêa, a entidade vinha condenando a prática para fins estéticos. Além de aumentar as chances de câncer, Corrêa afirma que a técnica pode causar envelhecimento precoce.
Estéticas já oferecem outras alternativas
A crítica, porém, é questionada pela Associação Brasileira dos Profissionais de Bronzeamento (ABB). Segundo o presidente da entidade, Cleverson Riggo, ninguém, até agora, conseguiu comprovar cientificamente que um caso de câncer teve como causa específica o bronzeamento artificial:
– Agentes mais perigosos, como o álcool e o cigarro, continuam à disposição – afirma.
Embora a norma já estivesse valendo ontem, muitos profissionais ficaram sabendo apenas no fim do dia e mantiveram as sessões, como a empresária Cinamari Mendonça, 55 anos. Dona de um negócio na Capital, ela tem uma câmara há oito anos e garante que os fregueses estão satisfeitos. Entre eles, está uma arquiteta de 24 anos, que ontem fez sua segunda exposição.
– Acho que, se a pessoa não abusar, não há problema – disse ela, sem se identificar.
Como alternativa, dermatologistas indicam os cremes bronzeadores e o chamado jet bronze (veja o quadro). A técnica, conforme a diretora científica da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, a gaúcha Dora Ullmann, não faz mal e dá o mesmo resultado, mas com duração menor.
Dona de uma estética no bairro Rio Branco, na Capital, Sol Bezerra, 35 anos, é uma das adeptas – assim como Cinamari, que oferece o serviço há um mês. A novidade, segundo elas, está sendo bem recebida. A partir de agora, a procura deve aumentar.
(Por Juliana Bublitz, Zero Hora, 12/11/2009)