Carregamentos de terra foram depositados sobre o dique construído para evitar que enchente atinja as casas
Construídos para resolver um problema antigo nos bairros Várzea e Navegantes, os diques de contenção das águas do Rio Pardinho aos poucos vão se transformando em um grande depósito de entulho. Em um terreno às margens da Rua Irmão Emílio até mesmo uma casa está em construção.
A situação passou a se agravar nas últimas duas semanas, quando moradores começaram a ver a movimentação de caçambas depositando terra, restos de construção e lixo sobre um dos diques construído no prolongamento da Travessa 1, à esquerda da Irmão Emílio. São pelo menos 20 montes de terra, que aos poucos podem se acumular no local reservado à água em dias de enchente.
Também à esquerda da rua principal, em direção à Praia dos Folgados, já no Bairro Navegantes, começaram a se formar aterros e uma casa de alvenaria está em fase de conclusão. A moradora Adriane Gass, que acompanhou as reivindicações da comunidade em torno da obra, teme que com isso voltem a ocorrer cheias no local. Durante a chuva do último fim de semana as barreiras, erguidas em 2007 pelo então prefeito José Alberto Wenzel (PSDB), não foram suficientes para conter a água. Houve alagamento em vários pontos e famílias precisaram ser removidas com a ajuda de caminhões da Prefeitura e Exército. A prefeita Kelly Moraes (PTB) disse que seria necessário revisar o projeto.
PROVIDÊNCIAS
Os responsáveis pelos aterros não foram identificados. Segundo Adriana, naquelas áreas as construções seriam proibidas. “Se começarem a encher os piscinões de entulho ou depositarem material sobre os diques, a obra terá sido em vão”, disse ela, que já contou seis pontos sendo aterrados.
No fim da tarde de ontem o secretário municipal de Meio Ambiente, Alberto Heck, vistoriou a área. Acompanhado de técnicos da Prefeitura, ele concluiu que será necessário fazer um levantamento mais detalhado sobre a situação. A intenção é identificar quem está promovendo os aterros e também avaliar se a obra realmente foi executada de acordo com critérios técnicos.
“Pelo que vimos as barreiras não foram bem planejadas e nem mesmo concluídas. Também se nota que os proprietários das áreas se julgaram no direito de depositar o material. A princípio as construções seriam permitidas, porém a área é de alagamento e por isso temos que ver o que acontece em situações assim”, salientou Alberto Heck. Se as obras são regulares ou não, a Prefeitura somente vai saber depois de analisar os documentos da época em que foram construídos os diques. A previsão é de que até o fim da semana que vem já se tenha uma análise mais detalhada sobre o caso.
SAIBA MAIS
Os piscinões começaram a ser construídos pela Prefeitura em janeiro de 2007. Com um custo estimado em R$ 438 mil, o projeto teve como objetivo evitar as inundações nas 324 casas localizadas na área de risco. Na obra foram utilizados 110 canos de 1,5 metro de diâmetro e a Rua Irmão Emílio sofreu uma elevação de 1,3 metro com o depósito de 4 mil cargas de terra.
ONDE FICA
Quando acontecem cheias no Rio Pardinho, junto à Praia dos Folgados, a água se espalha em direção ao Bairro Várzea. Os diques servem para evitar as enchentes. Além das barreiras também foi construído um prolongamento da Sanga Preta nos fundos do Santuário de Schoenstatt.
Os piscinões começaram a ser erguidos na gestão de José Alberto Wenzel (PSDB). A obra era a promessa de se solucionar o problema das cheias nos bairros Várzea e Navegantes, que se agravou após a construção do Lago Dourado nas margens da RS-409. A Rua Irmão Emílio foi aterrada até a Praia dos Folgados, formando uma grande barreira de terra. Dali foram construídos paredões tanto à direita quanto à esquerda, que viraram grandes piscinas nas quais seria acumulada a água do Rio Pardinho em caso de cheias. Canos de concreto ajudam a dar vazão no local.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 11/11/2009)