O analista ambiental Sergio Brant, da coordenação-geral de visitação do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), garante que a decisão de fechar o parque só é tomada pelo próprio instituto, quando o funcionamento apresentar algum risco para os visitantes. De acordo com ele, o setor financeiro do ICMBio está avaliando medidas para resolver a penúria financeira dos Aparados.
– Existe uma série de demandas que precisam ser atendidas. Uma coisa é pedir o recurso no orçamento, outra é conseguir o dinheiro. Em função do que é aprovado, e normalmente é insuficiente, temos de fazer muitos ajustes. Além disso, há demandas imprevisíveis que necessitam de deslocamento de verba de uma unidade para outra – justifica.
Brant garante que o Ministério do Meio Ambiente não realizou nenhum corte de recursos do Aparados e destacou que a área é considerada prioritária pelo governo.
De acordo com o analista, na semana passada o assunto foi encaminhado ao setor financeiro e a previsão é que a solução para o problema sai dentro de uma ou duas semanas.
Em relação à falta de lancheria, ele afirma que o instituto está analisando a possibilidade de executar melhorias no prédio. O custo seria de aproximadamente R$ 50 mil. Se a reforma não sair até o início de 2010, uma empresa deve receber a concessão provisória para explorar o serviço.
– Se a obra sair, iremos providenciar uma alternativa para que os turistas possam pelo menos comprar água – complementou Brant.
Em relação aos ingressos, o representante do ICMBio afirma que o problema foi causado pela mudança na padronização dos tíquetes. Os novos modelos estão sendo impressos e devem ser encaminhados nos próximos meses. Em função disso, foram enviados modelos antigos para Cambará do Sul para suprir o período de transição.
- Se o parque sofre com problemas financeiros, o tão sonhado asfaltamento da RS-020, entre Cambará do Sul e São José dos Ausentes, começou a sair do papel com R$ 4,5 milhões destinados pelo Ministério do Turismo, em setembro deste ano. A estrada de 50 quilômetros, que é toda de terra e está em estado precário, servirá para alavancar o turismo da região, especialmente para quem vai ao cânions de Cambará. A empreiteira já foi contratada e a previsão é que o trabalho comece ainda neste ano. No total, serão investidos R$ 5,4 milhões (recursos do ministério e 20% de contrapartida do Estado).
- A Avenida Tradição, que parte do centro de Cambará e vai até a RS-427, via de acesso ao cânion do Itaimbezinho, recebeu 1,2 quilômetro de asfalto, inaugurado em setembro. Os outros 14 quilômetros permanecem de chão e não previsão de obras.
- A estrada CS-012, que dá acesso ao Parque da Serra Geral e ao cânion Fortaleza, já tem 3,3 quilômetros prontos de um total de 14. Os recursos para o restante, R$ 8,2 milhões garantidos pelo governo federal, já estão garantidos. Para a obra começar, falta apenas a aprovação do ICMBio.
- Criado em 1959, o Parque Nacional dos Aparados da Serra é administrado atualmente pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que recebe recursos do Ministério do Meio Ambiente.
- Com 10.250 hectares e um perímetro de 63 quilômetros, o parque detém os principais cânions brasileiros, com profundidades de cerca de 600 metros.
- O maior cânion do parque é o Itaimbezinho, com 5,8 quilômetros de extensão.
- A unidade conserva ainda trechos da quase extinta Floresta de Araucária.
- A fauna é riquíssima, com puma, lobo-guará, graxaim e veado-campeiro. O parque abriga aves ameaçadas de extinção como o gavião-pato, o gavião-pega-macaco e a águia-cinzenta.
(O Pioneiro, 11/11/2009)