A penúria financeira enfrentada pelo Parque Nacional dos Aparados da Serra, na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pode causar seu fechamento ao público. Segundo o analista ambiental Deonir Zimmermann, que administra a unidade de preservação, no máximo 20% dos R$ 1,9 milhão orçados neste ano para as despesas (exceto salário de funcionários efetivos) foram repassados pelo Ministério do Meio Ambiente até agora.
– Por enquanto, ainda estamos funcionando normalmente, dentro do possível. Mas em breve não haverá recursos para coisas básicas como limpeza dos banheiros – comenta Zimmermann.
A falta de verba também se reflete na precariedade do atendimento ao público. O coordenador técnico do Instituto Curicaca, organização não-governamental ligada ao meio ambiente, e conselheiro dos Parques Nacionais, Alexandre Krob, revela que em vez de tíquetes de ingresso são dados recibos comuns aos visitantes.
Para quem volta cansado de uma trilha sob sol forte, resta apenas se amontoar em volta do um único bebedouro disponível, já que não há lancherias abertas. O serviço foi desativado no último verão e não voltou a funcionar por falta de uma nova licitação. Lixeiras, placas de sinalização e até os mirantes para contemplação da paisagem também estariam precisando de reformas. Turistas reclamam da falta de segurança e de infraestrutura como, por exemplo, socorro médico e informações.
Uma das soluções apontadas por Krob para amenizar o problema seria a retenção de parte da arrecadação com ingressos. A lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc), permite que até 50% dos recursos obtidos pelas unidades com taxa de visitação sejam aplicados na implementação, manutenção e gestão dela própria. Levando-se em conta que o Aparados recebe uma média de 50 mil visitantes por ano, e que cada um pague a entrada de R$ 6, pelo menos R$ 150 mil engordariam o cofre do parque.
De acordo com Zimmerman, todo o dinheiro arrecadado é enviado para o Ministério do Meio Ambiente. Os repasses são feitos semanalmente ou mesmo diariamente, se necessário.
– Precisamos de autorização do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão ligado ao ministério que administra as unidades em todo o país) e, mesmo assim, o dinheiro iria para investimentos, não manutenção – sustenta.
No entanto, Sergio Brant, analista ambiental na coordenação-geral de visitação do ICMBio, afirma que esse valor já integra o montante a ser enviado anualmente para o parque.
– Ele entra para suprir parte do orçamento, que considera todas as fontes possíveis de renda – explica o especialista.
(Por Eliane de Brrum, O Pioneiro, 11/11/2009)