Turmas de amáveis aluninhos fizeram fila semana que passou para visitar exposição da Fundação SOS Mata Atlântica que ficou até domingo no Largo da Prefeitura. Tinha até programação com o sugestivo nome de “A Amazônia é aqui”. Na Amazônia, é sério o desmatamento. Sério como aqui, que não é do tamanho de lá, mas é de se cuidar a proporção.
Em determinado momento, os aluninhos acompanhavam em uma maquete a demonstração sobre a importância de se coibir o corte de árvores. Vejam o conteúdo da atividade: importância de se coibir o corte de árvores! Não é de tontear, quando se faz justo o contrário? Ensinam-se crianças e adolescentes na teoria, mas a prática, é bom tapar os olhos dos aluninhos. Pois na maquete havia um solo com vegetação e outro que era deserto. E um educador ambiental salientava a importância de não desmatar, pois um solo com erosão pode causar desastres ambientais. Muita gente grande deveria ter acompanhado a explicação, mas isso não aconteceu, o que é uma pena e foi uma oportunidade desperdiçada.
O nome da mostra era “Mata Atlântica é aqui”. Perfeito. E se é aqui, a Mata Atlântica é para ser preservada aqui.
– O que é a Mata Atlântica, meninada? – indagava o educador ambiental.
– É um lugar que tem mato, rios e muitos animais – respondiam eles.
É uma beleza de lugar! Mas também é Mata Atlântica o espaço onde logo surgirá a Barragem do Marrecas, que exigirá uma área alagada que alcançará mais de 6 mil araucárias. Prejuízo que o Samae espera compensar com 15 projetos ambientais.
Não são importantes atividades assim? Um mimo, e essenciais. Buscam incutir nas crianças a educação ambiental. É de se perguntar, porém, se surtem algum efeito, visto que, seis anos atrás, a prefeitura procurou estimular nos escoteiros do Grupo Moacara o mesmo sentimento ambiental de preservação das árvores com a criação do Recanto das Araucárias na Festa da Uva.
Hoje, o Recanto se transformou em estorvo para as obras que por lá se realizam.
O que estarão pensando os escoteirinhos? O que pensarão os aluninhos que foram à exposição quando, na teoria, ouvem o discurso sobre a importância das árvores, mas, na prática, constatam que motivos para derrubá-las não faltam? Pobres crianças...
(O Pioneiro, 11/11/2009)