Gabrielli, no entanto, diz que exploração de mina de potássio no Amazonas depende de avaliação de consultoria
O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, afirmou nesta segunda (09/11) que qualquer decisão sobre a mina de potássio de Fazendinha, no Amazonas, dependerá da avaliação feita por consultoria que está sendo contratada pela estatal. O executivo não negou a possibilidade de a estatal voltar a atuar na mineração, como quer o governo, mas disse que é cedo para qualquer decisão nesse sentido.
"Não podemos decidir nada enquanto não finalizarmos uma avaliação", disse Gabrielli, em entrevista após palestra no Clube de Engenharia do Rio. A empresa está concluindo processo licitatório para contratar empresa especializada para análise técnico-econômica da jazida, descoberta na década de 70, mas abandonada por falta de economicidade na época. O trabalho vai focar aspectos econômicos e alternativas de produção do potássio.
As reservas, estimadas inicialmente em 1,1 bilhão de toneladas, estão no município de Nova Olinda do Norte, na região do Baixo Rio Madeira. O Brasil importa atualmente 92% do potássio que consome e, diante da escalada dos preços internacionais, há grande pressão do governo, principalmente do Ministério da Agricultura, para retomada das atividades na região, que pode conter a terceira reserva mundial do mineral.
O argumento é que, se quiser manter o posto de grande supridor mundial de alimentos, o Brasil precisa ser independente no abastecimento de insumos essenciais, como os fertilizantes. Além do potássio, a produção de fertilizantes demanda fosfato - 50% importado pelo Brasil - e amônia e ureia, que podem ser extraídos do gás natural.
Os defensores da mineração na Amazônia dizem que a produção de fertilizantes vai contribuir para melhorar a produtividade nas terras já aradas, reduzindo o desmatamento. A bacia se estende por mais de 400 quilômetros na região do encontro dos Rios Madeira e Amazonas.
Em reportagem publicada domingo, o Estado informou que a mineradora Potássio do Brasil, de capital canadense, trabalha para iniciar, ainda este mês, o primeiro poço exploratório na bacia de potássio da Amazônia em mais de 30 anos. A empresa aguarda a sonda de perfuração, que está no Chile, para iniciar as atividades. Se confirmar o potencial da jazida, prevê investimento de US$ 2,5 bilhões nos próximos sete anos.
A Potássio do Brasil pertence ao mesmo grupo da Falcon Metais, que venceu concorrência da Petrobrás para a transferência da mina de Fazendinha. O processo, porém, foi suspenso no fim do ano passado, em um claro sinal de que o governo pretende manter soberania sobre a exploração do mineral. Logo após o destrato, a Falcon adquiriu três concessões vizinhas à da Petrobrás, onde a Potássio do Brasil iniciará a pesquisa.
(Por Nicola Pamplona, O Estado de S. Paulo, 10/11/2009)