O cantão de Valais, estado suíço que faz divisa com a Itália, figura entre os destinos turísticos preferidos para os que gostam de frio, montanha e esqui. Agora, no entanto, a região ganhou mais um atrativo: em meio aos Alpes, mais precisamente no pico mais alto do país (o Doufurspitze, a 2.883 metros de altitude), uma cabana foi construída para testar tecnologias que minimizam o impacto ao meio ambiente.
A iniciativa, uma das que fazem da Suíça hoje referência em sustentabilidade, trata-se de um investimento de 6,5 milhões de francos suíços, o equivalente a 4 milhões de euros, feito pelo Clube Alpino Suíço, em parceria com a Escola Politécnica Federal de Zurique.
O tamanho da aposta permite concluir que a função do prédio não é apenas ser um chalé de inverno. Com o nome de Monte Rosa - que remete ao conjunto montanhoso da região pertencente aos Alpes Peninos -, sua missão é funcionar como uma espécie de laboratório em que algumas tecnologias de construção verde serão testadas para possivelmente serem empregadas em outras cabanas do Clube Alpino, que ao todo somam mais de 150.
A Monte Rosa foi lançada no último dia 25 já com uma arquitetura futurística e algumas dessas experiências. A primeira delas é o revestimento de suas paredes, feito com alumínio, e a presença de painéis solares em uma das fachadas, que absorvem a energia do Sol e abastecem a casa com 90% da eletricidade necessária. Os outros 10% vêm de um gerador de energia elétrica e térmica. Também foi colocado em teste o reaproveitamento da água da chuva e do derretimento da neve, que é recolhida em uma caverna e utilizada para a cozinha e chuveiros. Depois disso, ainda é reciclada para a descarga dos banheiros e tratada antes de ir ao esgoto.
"As ideias aplicadas aqui na montanha podem ser imediatamente transferidas para aumentar a eficiência energética e reduzir as emissões de CO2 na construção civil na planície", explicou, durante cerimônia de inauguração da cabana, Roman Boutellier, vice-presidente da Escola Politécnica.
O planejamento da Monte Rosa durou seis anos, enquanto sua construção, que não tinha acesso às redes de água e energia, foi feita em pouco mais de cinco meses. O prédio possui cinco andares, 18 quartos e tem capacidade, ao todo, para 120 pessoas. Seu acesso é feito a pé, a partir de uma caminhada no gelo de mais de duas horas, que passa pela geleira Gorner, a terceira maior da Suíça. Para a montagem, os materiais foram transportados por helicóptero.
Uma vez que se utiliza de recursos abundantes na natureza, como a luz e a água, a peculiaridade do projeto está no fato de reunir esses recursos a novas tecnologias. O próximo passo será instalar, em Zurique, um comando remoto de equipamentos que analisará dados de ocupação da casa e da meteorologia do Doufurspitze, com o objetivo de um melhor gerenciamento e autonomia de energia da cabana.
De acordo com o Clube Alpino, não será possível construir mais cabanas do mesmo padrão por conta da viabilidade financeira, mas algumas características poderão ser aproveitadas. "É uma construção muito bonita e complexa. Até a energia dos visitantes será aproveitada para o aquecimento. Certas coisas experimentadas aqui podem ser usadas também em outras cabanas, mas de forma arquitetônica mais simples", afirmou o presidente da seção Monte Rosa do clube, Peter Planche, ao portal Swissinfo.ch.
(Yahoo! / AmbienteBrasil, 06/11/2009)