Fissuras nas ruas, muros e paredes trincadas e uma decisão: retirar moradores da área de risco. Há exatamente um ano, as primeiras famílias começaram a deixar o Morro Coripós. Iniciava ali uma medida para tentar resolver o problema da ocupação irregular que se arrasta por mais de 25 anos. O que ninguém imaginava é que o ocorrido naquele morro que será transformado em Área de Preservação Permanente (APP) era o anúncio da tragédia que atingiria o Vale do Itajaí 16 dias depois.
Além de retirar as 72 famílias do local, com a intenção de dar a elas moradias regulares, o município decidiu colocar em prática um projeto de 2006 que prevê a recuperação ambiental de 58 mil metros quadrados. Duas famílias que permanecem na área de risco, sob monitoramento da Defesa Civil, devem ir direto para apartamentos no Bairro Itoupavazinha. A previsão é de que o prédio, construído para abrigar famílias do morro, fique pronto até junho do ano que vem.
Morro foi identificado com área de altíssimo risco
A mesma data é usada pelo secretário de Habitação e Regularização Fundiária, Álvaro Pinheiro, para a oficialização do Morro Coripós como APP. Segundo ele, apesar de duas famílias ainda estarem no local, o trabalho de remoção das casas e limpeza dos terrenos segue normalmente. A maioria das residências comprometidas pelas chuvas de novembro foi derrubada e as demais serão demolidas até o fim do ano. O Morro Coripós foi identificado como área de “muito alto risco” e nunca mais poderá ser ocupado.
Assim que a área estiver totalmente livre, começará o projeto de recuperação ambiental, com a escolha da vegetação apropriada. Além da cobertura vegetal, será feita um estudo sobre a estrutura da região.
– Vamos investigar os detalhes do morro para descobrir como poderemos conviver com ele daqui para frente. Ele não poderá ser habitado, mas temos que garantir que as pessoas que moram ao redor fiquem seguras – explica o diretor de Geologia, Fernando Xavier.
Especialistas comemoram a iniciativa de recuperar o Coripós, mas alertam que esse deve ser só o começo, pois toda a cidade precisa de recuperação ambiental. Professor e geólogo, Juarez Aumond afirma que é a primeira vez que o poder público aceita a orientação de geólogos e ambientalistas para fazer um projeto deste tamanho.
– É um marco histórico. Irá ecoar em toda a sociedade. A partir de agora é pensar em toda a cidade, pois a mudança é necessária – completa Aumond.
Veja o projeto de recuperação ambiental aqui.
(Por Daniela Pereira, Jornal de Santa Catarina, 05/11/2009)