Movimento nega acusação; governo envia PM à região
A Agropecuária Santa Bárbara, que tem como sócio o banqueiro Daniel Dantas, acusou nesta quarta (04/11) integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de praticarem atos de destruição na fazenda Maria Bonita, em Eldorado do Carajás, no sul do Pará. A propriedade foi invadida pelo movimento em julho de 2008.
A Santa Bárbara diz que os invasores destruíram casas de funcionários, queimaram tratores e currais e mataram 28 bois da fazenda, que tem 3.600 hectares e cerca de 20 mil cabeças de gado. Ainda segundo a Santa Bárbara, após o incidente, ocorrido na madrugada de ontem, um monomotor da empresa foi usado para retirar famílias de funcionários do local. Em uma das viagens, o avião caiu após decolar com oito pessoas a bordo, sendo quatro crianças. Todos sobreviveram e não correm risco de morte.
O governo do Pará disse que policiais da Delegacia Especial de Crimes Agrários estão na fazenda para investigar a autoria dos ataques. Tropas da Polícia Militar de Belém e de Marabá foram enviadas à região. O MST disse que fez um protesto pacífico na fazenda e negou atos de violência. O movimento questionou a veracidade das imagens de destruição divulgadas pela fazenda. "Quem disse que essas fotos foram tiradas nesta madrugada? Quem disse que foi o MST [o autor]?", questionou o movimento por meio de sua assessoria.
Parte da fazenda foi invadida por 450 famílias do MST sob o argumento de que se trata de uma área grilada, de acordo com um estudo do Instituto de Terras do Pará -órgão fundiário estadual.
Segunda invasão
A Deca investiga um outro caso de destruição no município de Sapucaia, a cerca de 60 km da propriedade da Santa Bárbara. Segundo o delegado Paulo Gaurão, houve destruição de casas de vaqueiros e currais na fazenda Rio Vermelho, da empresa Agropecuária Rio Vermelho.
O MST também negou ter praticado violência no local, alegando que realizou apenas um ato com 250 famílias na propriedade, parcialmente invadida pelo movimento desde 2006. Mais uma vez, os sem-terra argumentaram que a área pertence à União.
(Por Rodrigo Vizeu, Folha de S. Paulo, 05/11/2009)