População poderá conhecer história de curso d’água que corta Capital
Se o Arroio Dilúvio não tivesse sido canalizado na década de 40, os boêmios que frequentam os tradicionais bares da Cidade Baixa, na Capital, poderiam ir para a balada de barco. E as águas que cortavam a atual Rua João Alfredo ainda passariam sobre a Ponte de Pedra junto à Avenida Borges de Medeiros, no Centro.
Quem quiser entender como essas transformações marcam a alma da metrópole é convidado a embarcar em uma viagem de ônibus pelas margens das águas que contam a história de Porto Alegre. Gratuita, a visita guiada partirá do Armazém A3 do Cais do Porto às 15h de hoje, como parte do projeto Percursos Urbanos, da programação da 7ª Bienal do Mercosul.
O itinerário prevê um passeio de três horas pelos entornos do Arroio Dilúvio, mas os passageiros irão bem mais longe. Por meio de relatos e vídeos apresentados por pesquisadores do Projeto Habitantes do Arroio, ligados ao curso de antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e à Organização Não-Governamental Instituto Anthropos, serão transportados à década de 30 para revisitar o tempo em que os moradores ainda pescavam naquelas margens.
Afinado com o espírito interativo da Bienal, o projeto também estimulará os visitantes a registrarem suas impressões sobre o arroio, desde sua nascente, em Viamão, até a foz, no Guaíba.
– O Dilúvio é um paradigma da memória ambiental da cidade, que tem um histórico de luta com as suas águas. Queremos um novo olhar sobre o arroio – resume o antropólogo Rafael Devos, pesquisador da UFRGS e um dos coordenadores do projeto Habitantes do Arroio.
A opção pela canalização das águas do arroio ocorreu após a histórica enchente de 1941, quando as águas subiram até 4,75 metros. A ideia de integrar a visita ao Dilúvio à Bienal foi do artista visual e sociólogo Júlio Lira, de Fortaleza.
– A intenção é tirar as pessoas de seus caminhos rotineiros – afirma.
Compare imagens antigas com o cenário atual do Arroio Dilúvio
Como participar
- O que: visita guiada pelo Arroio Dilúvio, no projeto Percursos Urbanos da Bienal do Mercosul, em parceria com o projeto Habitantes do Arroio. A Bienal disponibilizará equipamento de vídeo e fotografia para os interessados.
- Quando: o ônibus partirá às 15h de hoje, do Armazém A3 do Cais do Porto – Bienal do Mercosul. Os organizadores do evento pedem que as pessoas cheguem pelo menos 15 minutos antes do horário de partida.
- Como se inscrever: inscrições podem ser feitas até as 14h pelo e-mail julia@bienalmercosul.art.br ou pelo telefone (51) 3254 7545
- Até julho de 2010, quando o projeto será encerrado, será produzido um DVD para distribuição entre escolas e entidades. Para saber mais, acesse o blog: www.habitantesdoarroio.blogspot.com
(Por Leticia Duarte, Zero Hora, 05/11/2009)