O mundo inteiro tem se deparado com mudanças climáticas muito sérias nos últimos anos. Na China, uma das principais catástrofes acontecidas foi o tremor de terra ocorrido em 12 de maio de 2008. O mais forte registrado nas últimas três décadas e que provocou um rasto de destruição. Demoliu cerca de 5,4 milhões de casas e deixou 11 milhões de pessoas desabrigadas. De acordo com informações do governo chinês, o número de mortos foi acima de 80 mil.
Em 28 de setembro deste ano, em Taiwan, o tufão Morakot deixou, no mínimo, 14 mortos, 51 desaparecidos e 30 feridos. As ilhas Samoa foram atingidas recentemente por um tsunami que provocou a morte de pelo menos 150 pessoas. A Indonésia confirmou milhares de mortos no tremor na ilha de Sumatra. No Brasil também temos nos surpreendido com a força de intempéries as quais antes não aconteciam com tanta frequência. Chuvas frequentes e intensas, vendavais, ocorrência de temporais com granizo e até a ação de tornados tem feito parte da realidade das populações das regiões Sul e Sudeste.
Todos os continentes tem sido vitimados por desastres ecológicos, quer seja por tremor de terra, vulcões, pela força fulminante do fogo nas florestas ou pelas águas dos rios, dos mares que avançam em direção aos grandes centros urbanos. Em dezembro deste ano vai acontecer, em Copenhague, na Dinamarca, a COP 15, que reunirá os países signatários da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças no Clima.
A COP 15 poderá resultar em metas mais ambiciosas para a redução de carbono, em ações mais efetivas dos países em desenvolvimento, maior abertura para a conservação de florestas e regras para financiar todo esse esforço. Segundo o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o Governo avançou bastante porque hoje temos, por exemplo, o Fundo Amazonas. Ou seja, um início para apresentar em Copenhague. Ele sinalizou que o Governo pode avançar, colocando aquecimento solar de água nos programas habitacionais.
O Brasil trabalha com um cenário de aumento máximo de temperatura e vai monitorar década a década para que os termômetros não subam mais que 0,2ºC por período. O Brasil defende ainda metas de redução de emissões para os países ricos de 40% em relação aos níveis de 1990 e, nacionalmente, assume o compromisso de diminuir o desmatamento em 80% até 2020. Essa contradição entre a necessidade de crescimento econômico e de baixar as emissões de carbono é um ponto muito importante a ser enfrentado. Dados apontam que, de 1994 a 2007, as emissões do setor de transporte a diesel passaram de 380 milhões de toneladas de carbono para 580 milhões de toneladas. As empresas brasileiras tem tido êxito na redução dos impactos ambientais, mas elas precisam voltar seu olhar para a cadeia produtiva, pensar de onde vem o produto e optar por comprar de quem não produz impactos ambientais.
Precisamos urgentemente vencer males terríveis como o desmatamento da Amazônia, por exemplo. Ele se espalha pelo País com as frentes agrícolas, com o crescimento das cidades, com as queimadas e incêndios florestais. Só neste ano, o IBAMA bloqueou a produção em mais de 2,6 mil quilômetros quadrados desmatados ilegalmente e aplicou mais de R$1 bilhão em multas.
Outra questão importante é o aumento na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, provocando uma mudança global do clima, cujos efeitos incluem o aumento das temperaturas médias do ar e dos oceanos, o derretimento anormal do gelo em certas regiões do planeta e a elevação do nível do mar gerando, assim, impactos diversos que podem afetar de forma significativa a biodiversidade, os assentamentos humanos, a saúde, a agricultura e os recursos hídricos.
Dificuldades como a gestão dos resíduos sólidos, sua destinação final, os problemas de contaminação do solo e das águas por produtos químicos, tóxicos e perigosos assim como aqueles relativos à poluição do ar, atingem diretamente a todos nós. A reciclagem do lixo é assunto sério e por essa razão apresentei projetos de lei que tratam do assunto. Um deles é o PLS 112/2008 que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública para determinar que o Poder Público priorize a compra de papel reciclado.
O outro é o PL 4178/1998 que dispõe sobre a coleta, o tratamento e a destinação final do lixo tecnológico, ou seja, aquele gerado a partir de aparelhos eletrodomésticos e seus componentes, incluindo os acumuladores de energia (bateria e pilha), e produtos magnetizados, de uso doméstico, industrial, comercial e de serviços, que estejam em desuso e sujeitos à disposição final.
A natureza é um presente e um privilégio. No Brasil o dia de hoje pode ser de sol aqui em Brasília, ou de chuva em São Paulo, de calor praiano em Fortaleza, de brisa do mar em Salvador, de calor úmido na Amazônia brasileira, ou de vento minuano nos pampas do Rio Grande. O dia pode ser muitos dias em um só, nesta terra chamada BRASIL!
A humanidade recebeu um grande presente, o ecossistema. Nós não podemos permitir que as gerações futuras nos cobrem por termos destruído esta dádiva. A natureza, com certeza, tem que ocupar os nossos corações. Espero que nossos olhos, nossa mente, nossa alma possam repousar descansados, na certeza de que nossos sentimentos e nossas ações farão o que for necessário para preservar a vida do nosso planeta.
Senador Paulo Paim (PT-RS)
(Blog Os Verdes de Tapes, 05/11/2009)