Al Gore acreditou ter encontrado um projeto vencedor no ano passado quando uma pequena empresa da Califórnia pediu financiamento para uma tecnologia de economia de energia à empresa de capital de risco da qual o ex-vice-presidente é sócio.
A companhia Silver Spring Networks fabrica hardware e software para tornar a rede elétrica mais eficiente. Ela veio à Kleiner Perkins Caufield & Byers, companhia de Gore, em busca de US$ 75 milhões para ampliar sua sociedade com fornecedores para instalar milhões de "termômetros inteligentes" em casas e comércios.
Gore e seus sócios decidiram apoiar a companhia. A transação parece ter compensado na semana passada, quando o Departamento de Energia anunciou US$ 3,4 bilhões em concessões a projetos voltados para redes mais inteligentes. Mais de US$ 560 milhões foram destinados a contratos com a Silver Spring Networks.
Poucas pessoas foram tão vocais quanto Gore a respeito da urgência do problema do aquecimento global e da necessidade de reinventar a forma como o mundo produz e consome energia. E poucas colocaram tanto dinheiro por trás de suas palavras como Gore e estão tão bem posicionados para lucrar desta transformação verde, se e quando ela acontecer.
Críticos, principalmente da direita política e entre os céticos do aquecimento global, dizem que Gore deve se tornar o primeiro "bilionários do carbono" do mundo, lucrando de políticas governamentais que apoia e que irão gerar bilhões de dólares às companhias nas quais investiu.
Gore diz que está simplesmente agindo de acordo com o que prega. Em uma mensagem de email esta semana, ele disse que seus investimentos são consistentes com sua posição pública.
"Eu defendi políticas para promover energia renovável e apressar as reduções na poluição que causa o efeito estufa por muitas décadas, inclusive quando me dedicava ao serviço público", escreveu Gore.
Como um cidadão privado, eu continuei defendendo as mesmas políticas...Eu acredito absolutamente em investir de modo que seja consistente com meus valores e convicções".
Gore afirmou ter investido em sociedades e fundos que tentam identificar e apoiar companhias que estão avançando tecnologias verdes de vanguarda e pavimentando o caminho para uma economia de baixo consumo de carbono.
Ele tem investimentos no preeminente mercado de créditos de carbono e em inúmeras companhias de bio-combustível, criações sustentáveis de peixes, veículos elétricos e energia solar. Gore não é um lobista e nunca pediu ao Congresso ou a qualquer gestão ajuda em qualquer decisão política que beneficiaria um de seus investimentos diretamente.
(The New York Times / Último Segundo, 03/11/2009)