País que mais emite gases-estufa, a China ganhou na segunda-feira (02/11) rasgado elogio do homem da ONU para assuntos climáticos. "A China é hoje líder mundial na limitação às emissões dos gases-estufa", afirmou o holandês Yvo de Boer na abertura da última reunião preparatória para a conferência do clima de Copenhague.
O representante americano no encontro de Barcelona não discordou, mas emendou uma canelada nos anfitriões. "A visão de que os EUA não estão se esforçando não é correta. Estamos fazendo mais do que a União Europeia", disse Jonathan Pershing.
Os europeus jogaram no mesmo campo, embora com mais sutileza. "Outros países desenvolvidos deveriam demonstrar sua liderança", declarou o sueco Andreas Carlgren, ministro do Ambiente.
Os EUA não se comprometeram até agora com nenhum número nos dois assuntos que mais importam na discussão diplomática: quanto vão cortar nas emissões de gases até 2020 (prazo final utilizado nas negociações atuais) e quanto dinheiro colocarão para financiar ações contra o aquecimento global.
Tanto o chefe da ONU quanto o representante americano fizeram questão de dizer que veem grandes diferenças entre a situação dos EUA agora e a que o país tinha em 1997, quando foi assinado o Protocolo de Kyoto, primeiro tratado global do clima.
Na época de Kyoto, a Casa Branca, então comandada por Bill Clinton, não tinha o apoio necessário no Congresso. "Havia uma grande desconexão entre a delegação dos EUA e o sentimento no Senado", afirmou De Boer.
A pressão sobre os EUA surgiu também em evento de ONGs brasileiras em Barcelona. "Não se vai resolver o problema se o cara não aparecer [em Copenhague]. E o cara não é o Lula. É o Obama. Ele pode fazer a diferença, e não está fazendo", disse Paulo Adário, do Greenpeace.
(Por Roberto Dias, Folha Online / AmbienteBrasil, 04/11/2009)