O vírus do tipo A (H1N1) está se espalhando pelo povo indígena yanomami, na Venezuela. Nos últimos 15 dias, oito índios morreram infectados pela gripe A e outros 17 casos da doença foram confirmados nas regiões amazônicas de Platanal e Ocamo, no sul do país. As informações são do Ministério do Poder Popular para os Povos Indígenas da Venezuela.
De acordo com o ministério, um batalhão de saúde comandado pela Presidência da República foi incumbido de combater o avanço da doença. Além dos 50 médicos que já trabalham na região amazônica, outros 50 teriam sido enviados ao local para atender os índios infectados. O governo informa, ainda, que o exército venezuelano está usando helicópteros para monitorar as comunidades próximas à região, de difícil acesso.
O Ministério para os Povos Indígenas não informou o número de casos suspeitos, mas, segundo a ONG brasileira Instituto Socioambiental (ISA), mais de 400 índios apresentam os sintomas da gripe. De acordo com Marcos Wesley, coordenador do projeto Isa Pró-Yanomami, os yanomamis têm baixa imunidade a doenças respiratórias, pois vivem isolados. Por isso, os casos de gripe costumam resultar em complicações mais graves.
Alta mobilidade - De acordo com o ISA, as notícias sobre uma forte epidemia de gripe na região amazônica da Venezuela estão sendo relatadas pelos yanomamis a seus parentes, que vivem na área fronteiriça do Brasil. Esses povos têm alta mobilidade entre si, o que facilitaria o contágio entre os índios venezuelanos e brasileiros.
No Brasil, os yanomamis estão concentrados nos estados de Roraima e do Amazonas, junto à fronteira com o sul da Venezuela. A proximidade entre as aldeias significa que a disseminação do vírus A (H1N1) na Venezuela pode resultar em uma infecção dos yanomamis brasileiros. Apesar disso, o Ministério da Saúde do Brasil afirma que ainda não tem informações sobre o contágio de índios brasileiros.
(Por Mariana Fontes, Globo Amazônia / AmbienteBrasil, 04/11/2009)