Cerca de 400 delegados de mais de 180 países tentam, durante toda esta semana, em Barcelona, a elaboração de um documento consensual sobre as metas de reduções de emissões a serem acordadas na 15a Conferência das Partes, daqui a pouco mais de um mes, em Copenhague. Para os principais analistas, a rodada de negociações preparatórias que se realiza na Espanha é crucial e a última oportunidade para evitar que a renovação do Protocolo de Quioto seja adiada para 2010.
O próprio secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU, Yvo de Boer, alertou, na abertura da reunião, para a necessidade de um avanço capaz de criar "uma base sólida" para o sucesso de Copenhague. Apesar de um certo clima geral de pessimismo, ele acredita que ainda há chances de se chegar a um acordo “justo e efetivo”, em dezembro.
O grande desafio a ser vencido durante esta semana é o de afunilar o leque de propostas para tentar chegar na Cop-15 com um nivel de divergências mínimo, que viabilize o acordo. Entre os pontos mais críticos dos debates, atualmente, estão as metas de redução de emissões dos países mais ricos e os seus investimentos para ajudar os países em desenvolvimento, a transferência de tecnologias limpas e a participação das nações mais pobres no esforço de redução de emissões.
Para evitar uma elevação de 2º C na temperatura do planeta, os países industrializados precisam reduzir as suas emissões de carbono em entre 25% e 40%, nos próximos dez anos, tomando como base de comparação os níveis de 1990, mas até agora as negociações não avançaram além de 23%.
Os investimentos necessários para o combate ao aquecimento global nos países em desenvolvimento são estimados em pelo menos US$ 150 bilhões por ano, mas as propostas mais recentes de uma "contribuição pública internacional" dos líderes da União Europeia, feita na semana passada, estão entre US$ 32 bilhões e US$ 75 bilhões anuais até 2020.
Outra grande dúvida dos negociadores é sobre a participação dos EUA no esforço global de combate às mudanças climáticas, considerada essencial para um bom acordo em Copenhague pelo poder de liderança daquele país sobre as demais nações desenvolvidas. Apesar das declarações do presidente norte-americano, Barack Obama, favoráveis a um forte envolvimento de seu país, isso ainda depende da aprovação de proposta de legislação interna, sobre as mudanças climáticas, que tramita no Senado.
(Por Celso Dobes Bacarji, Envolverde, 03/11/2009)